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sábado, 31 de outubro de 2009

De como se processa a degradação do jornalismo brasileiro

Nas últimas três semanas, fiz trabalhos para cinco diferentes veículos. Quiçá eu tivesse 48 horas no meu dia para abarcar tudo. Entre poucas horas de sono e muito trabalho, dei conta de todos. Sou freelancer há quase quatro anos. As redações - da grande à segmentada mídia - estão cada vez mais enxutas ou tomadas por profissionais que começam com um salário-piso.


Não é de hoje que vejo redações inteiras serem desmanteladas e ressurgirem com menos qualidade. Os donos dos veículos de mídia não investem: fazem financiamentos, alegam custos inexistentes e jamais se preocupam em fazer revisões periódicas de faixas salariais. O sindicato não tem força. Para nós, profissionais da imprensa, somente nos é dada uma alternativa: trabalhar mais para cobrir vagas que nunca serão preenchidas e ganhar o mesmo.


Aliás, ganhar o mesmo seria até razoável, no contexto. O problema é que a maior parte de nós fomos submetidos a regimes de exceção que, ou muito me engano, ou viraram regra: na última década, para fugir dos impostos, os empregadores fizeram com que nós, pessoas físicas, migrássemos em massa para pessoas jurídicas. Eu tenho uma empresa, meus amigos têm e o fato de ter a própria empresa e emitir nota fiscal passou a ser um critério na seleção - para a redação e para jobs pontuais.





Esse cenário tem, na minha opinião, se agravado cada vez mais: em eventuais contratações da meia dúzia de veículos que ainda o faz, as propostas salariais são ridículas. Ninguém mais leva em conta o conhecimento, o trabalho que você faz e o grau de especialização ou de generalização (o jornalista tem que ser especializado em generalidades, dizem) de que você é capaz.


Sempre que saímos de uma redação, parece que, junto com a empresa, fica o nosso histórico profissional. Para o mercado, somos apenas mais um na multidão. Em que pese a cobrança por dados curriculares que atinjam os mais diversos níveis - conhecimento de inglês, espanhol e, preferencialmente, de uma quarta e até uma quinta línguas; domínio do ambiente digital - redes sociais, programação básica em HTML!; completo controle sobre os concorrentes; metas para dar 'furos' de reportagem'; metas para se entrevistar e manter contato com fontes que, cada vez mais, são tão instáveis quanto nós mesmos; necessidade de ser um jornalista multitarefa - fazer pauta, entrevistar, cuidar da produção das fotos, saber alimentar as diversas entradas - sites, mobile site, veículo impresso; e, ao final, ainda ser um jornalista bom de texto e completamente investigativo, daqueles que são odiados pelas fontes por lhes 'roubarem' informações preciosas.


Como se fossemos espiões. Como se não houvessem outros profissionais de comunicação (assessores de imprensa, gerentes de comunicação, áreas de comunicação corporativas inteiras) a nos bloquear eventuais acessos paralelos e a filtrar, o tempo todo, o que pode e o que não pode ser dito. Alguns dirigentes dos veículos - e qualquer tipo de veículo - ainda não se deram conta de que o hábito antigo de cultivar a fonte acabou. Ninguém é de ninguém e somos, como me disse uma professora do primeiro ano da faculdade de jornalismo, apenas escadas para elevar outras pessoas. No caso, as fontes das empresas.





Nessa escalada que mais se equipara à escalada técnica com que os jornais televisivos abrem suas edições, alguns de nós (eu, inclusive) aceitamos os trabalhos conforme nos chegam. Porque ser freela, nesse campo (e imagino que em outros também) depende somente de você: ou você aceita as condições ou não será procurado uma segunda vez.


Assim, entre os cinco veículos para os quais eu trabalhei, como disse acima, aceitei fazer um artigo. Demorei oito dias úteis, falei com seis fontes bastante conceituadas e produzi o texto. Tenho noção do meu trabalho e sei que sou bom no que faço. Além de eu mesmo ter essa consciência, vezes sem conta me disseram isso. Portanto, sei que sou bom jornalista. Entreguei o texto no prazo (e respeitar o prazo é fundamental nessa profissão) e, pronto!, dei o trabalho por encerrado.


A empresa que me pediu esse job é conhecida. Não é uma empresa de fundo de quintal sobre a qual ninguém ouviu falar. Tenho amigos que lá trabalham. Na próxima segunda-feira, dia 2, fará um mês que entreguei o artigo que, inclusive, já foi publicado há três semanas. Ontem, dia 30, liguei para a empresa para saber quando seria pago. E foi triste: me disseram que a empresa está sem fluxo de caixa (um artifício para nos enrolar) e que me pagarão apenas no dia 17 de novembro. Ou seja, serão 45 dias depois do dia em que entreguei o artigo.


Não sei vocês, mas minhas contas insistem em vencer mensalmente. De forma que, de 30 em 30 dias, tenho que pagar ou serei multado ou sofrerei as sanções por não honrar meus compromissos. Não são 25 dias ou 45 dias. São 30 dias. Depois que falei com a pessoa responsável que, obviamente, não abriu nenhuma hipótese de negociação, se me abateu um sentimento de profunda tristeza com o jornalismo brasileiro. Um pouco mais, já que não é de hoje que reclamo da profissão.





Tive um professor de inglês, nativo do Texas, EUA, que me dizia não entender como nós, da imprensa brasileira, nos sujeitávamos às péssimas condições de trabalho. Esse professor relatava casos de jornalistas norte-americanos, seus amigos, bastante diversos dos nossos próprios casos. Eu sempre refutava e dizia que nós não tínhamos como exigir. Além de não termos um sindicato forte, não se tratava de escolher. Éramos nós os escolhidos e prontos.


Falei duas vezes da fragilidade do sindicato e explico: há um piso para a profissão, assim como para trabalhos feitos por freelancers como eu. Os valores variam conforme o número de caracteres (pode ser páginas, palavras ou toques) e a quantidade de fontes entrevistadas, bem como informações acessórias como fotografias, por exemplo.


Até onde eu sei, nunca fui pago pelos valores que o sindicato apresenta como 'pisos'. A mim me parecem mais 'tetos' do que 'pisos'. Se eu argumentar com as empresas de mídia com os valores previstos pelo sindicato, certamente me mandarão plantar batatas.


Não vou plantar batatas. Vou descascar batatas. Um dos motivos que me levou a fazer a faculdade de gastronomia foi, justamente, esse descrédito com o jornalismo. E também porque quero trabalhar com as mãos, e não mais com o cérebro. Na cozinha, importa o manejo da mão. Não é preciso pensar, elaborar fluxos de pensamento, encadear as entrevistas e fazer de 10, 15, 20 entrevistas artigos lógicos e claros.


Esse último episódio em que me humilharam com os 45 dias somente serve para ratificar minha crescente decisão de emigrar do jornalismo. Por ora, dependo dessa profissão. Eu disse um pouco antes 'descrédito'. E o disse bem: nunca fui iludido pelo jornalismo ou estaria, agora, a chorar 'pelas ilusões perdidas' feito Balzac (livro que eu li antes da faculdade de jornalismo e que me clareou as ideias antes que eu pudesse alegar desconhecimento).


Vivemos, os jornalistas, em um processo de deterioração. Somos, lentamente, desconstruídos. Relegados a uma superfície rasa. É um processo de degradação que atinge vários, senão todos, níveis do jornalismo brasileiro. Antes de ser jornalista, fui bancário. Por meu próprio esforço, saí do mercado financeiro e vim ao jornalismo. Foi uma ruptura radical. Sinto que não terei escrúpulos em fazer de novo a transição e ir da cozinha da redação para a cozinha de fogões. Ou serei eu mesmo cozinhado à exaustão até ser reduzido à condição de confit de pato. Quak! Quak!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

I Love You Phillip Morris

Enquanto não estreia "Do Começo Ao Fim" (a última previsão é para o dia 13 de novembro), podemos ficar com um outro filme, "I Love You Phillip Morris" (não confundir com o fabricante do cigarro Marlboro), estrelado por Jim Carrey e Ewan McGregor, com a participação do brasileiro Rodrigo Santoro (foto abaixo).  A primeira sessão acontece neste domingo, 1º., e vai até a próxima quinta-feira, 5, dentro da programação oficial da 33ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.





O filme "I Love You Phillip Morris" conta a história de Steve Russel (Jim Carrey), um policial texano que decide fazer o outing (sair do armário). Mas, descobre que, além de ser gay, sê-lo exige dinheiro. Russel passa a fazer trapaças e cometer fraudes para manter o alto padrão de vida e acaba preso. Na penitenciária, conhece Phillip Morris (Ewan McGregor), um sensível companheiro de cela por quem se apaixona.





Quando Morris sai da prisão, Russel foge quatro vezes para se reunir com o amado. O filme é baseado numa história real e a direção é de Glenn Ficarra e John Requa. A produção é norte-americana, de 2009, e o filme estreou pela primeira vez no Sundance Film Festival. Abaixo, dois trailers de "I Love You...": um com legendas em português e o outro para a divulgação oficial em Cannes, na França, de melhor qualidade, com legendas em francês.







Nude do dia

Você ainda usa calendários? Daqueles que ficam atrás das portas e aos quais recorremos somente para consultar os feriados? Ou aqueles que colocamos nas portas de guarda-roupas ou do banheiro para que, ao abrirmos e fecharmos essas portas, nos lembremos em que dia de nossas vidas realmente estamos?


Calendários podem ser engraçados, tristes, anunciar que não podemos deixar para amanhã ou então que deixemos para as calendas... Esses registros dos dias, meses e anos podem muito bem ter a alegria de palhaços ou ser exatamente o contrário, de profundas tristezas como somente os palhaços, às vezes, expressam.


Há, cada vez mais, calendários de todos os tipos e para os mais variados fins. O último de que tomei conhecimento é este - Naked Clown Calendar, edição 2010 - que tem por objetivo arrecadar fundos para a Sociedade de Esclerose Múltipla (IMS) dos EUA. O calendário custa US$ 14,99 e pode ser encomendado neste link aqui.














quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Orkut: quanto mais as coisas mudam, mais ficam parecidas entre si

O Orkut é a rede social mais popular do Brasil: são 26 milhões de usuários em todo o País (no mundo, são 80 milhões). De acordo com dados do próprio serviço, 96% do tempo que o brasileiro gasta com redes sociais (Twitter, Facebook, blogs e outros) são dedicados ao Orkut. E mais: os executivos do Orkut afirmam que 62% de todos os usuários brasileiros de internet têm contas na rede. Para comparação, estima-se que as demais redes sociais populares no Brasil - Facebook e Twitter - têm, respectivamente, 5,3 milhões de assinantes e 5 milhões (o Brasil é um dos países líderes no uso do Twitter). By the way, estou nas duas redes - Facebook (clique e add me) e Twitter (clique e add me).





Nesta quinta-feira, 29, o Orkut reagiu e lançou no seu maior mercado mundial a nova versão da rede social mais popular no Brasil: cores personalizadas, nova divisão em abas de perfil, recados, fotos, vídeos e espaço para bate-papo. Em meio a tanta revolução, um retrocesso: na maré de redes sociais que se disseminam somente através de convites (como o Meme e o Google Wave), o usuário do velho Orkut somente acessará o novo Orkut se receber convite. Cada usuário convidado ganhará outros dez convites e poderá enviar aos seus contatos. Dessa forma, o pessoal do Orkut calcula que toda a base terá migrado para o novo Orkut até a metade do ano que vem. By the way, estou em ambos os serviços - Meme e Google Wave (se quiser convite, terá que me implorar, hehehehe!!!).


O novo Orkut é bastante similar ao Facebook que, assim como o Twitter, é um dos serviços que mais cresce no Brasil em termos de redes sociais. O Orkut, que é de propriedade do Google, clona, dessa forma, algumas facilidades do Facebook como as atualizações dos amigos. Haverá uma área chamada de "O que há de novo", na página principal de cada usuário, que agregará todas as informações - solicitação de adição de novos amigos, depoimentos, aniversários e comunidades. Também o próprio Orkut poderá sugerir amigos novos conforme as conexões de cada um.





Uma das inovações - e isso o Facebook ainda não oferece - é a possibilidade de personalizar a cor da página. Essa aplicação é, em geral, bastante apreciada pelos usuários de forma geral. As fotos do novo Orkut serão maiores e as atividades favoritas do usuário ficarão no topo da página principal.


O Google estima que, por dia, são carregadas 30 milhões de fotos no Orkut. Por isso, na nova versão, será possível carregar várias fotos simultaneamente e, enquanto são carregadas, o usuário já pode colocar as legendas. Em outra aplicação copiada do Facebook, a partir de agora os amigos poderão comentar o status do usuário ou um link de foto ou vídeo sem que seja necessário acessar a página do amigo de Orkut.





No Facebook, há uma centena de jogos, dos quais o FarmVille talvez seja a coqueluche do momento. Eu, particularmente, gosto do Mafia Wars. O Orkut não relaxou nesse aspecto: uma API (Application Programming Interface ou Interface de Programação de Aplicativos), chamada "Podium", permitirá o desenvolvimento de jogos interativos como xadrez, forca, batalha naval e outros. 


E, finalmente mas não por último, uma novidade que o Facebook não tem: o bate-papo (ou chat) por vídeo, feito uma vídeo-chamada de telefonia  móvel. O Google Talk já fazia isso mas apenas com texto. Agora, será possível conectar a webcam e conversar com imagem e áudio (como o Messenger já faz).





Por fim, chega ao Orkut o "Promova", recurso pelo qual o usuário pode promover um post, vídeo ou qualquer outra coisa que os amigos postarem no serviço. É uma espécie de corrente que pode ser repassada ilimitadamente (o Twitter e o Meme, do Yahoo!, já fazem isso). Quer dizer, quanto mais as coisas mudam no Orkut, mais ficam parecidas com as redes sociais concorrentes. Esperemos, pois, pelos próximos passos dos demais.



Pour une seconde vie moins ordinaire

Das mais criativas e engraçadas, abaixo, a peça publicitária (foto e vídeo) para TV da MaxHaus. Não era isso que eu ia postar aqui agora mas merece. Ah! E isso aqui (o post) não é merchandising e nem product placement (Google no conceito). É espontâneo mesmo. Tipo mídia espontânea, viral ou coisa que o valha.





Em tempo: o filme (e as demais peças) é da agência Talent. Parabéns!




quarta-feira, 28 de outubro de 2009

As 236 razões pelas quais as pessoas fazem sexo

É um catatau: não são 235 nem 237, e sim 236 os motivos pelos quais as pessoas fazem sexo. Por que exatamente 236? Porque é um estudo e as razões listadas são as mais citadas pelos pesquisados. De fato, como resultado inicial, as respostas indicaram 715 diferentes razões. Mas, por serem bastante similares ou idênticas a outras já listadas, os pesquisadores as reduziram para 237 (e eu as diminuí para 236 porque no documento original há um dos motivos que se repete, o que, aparentemente, é um erro). O fato é que cada um de nós deve ter tantas razões para fazer sexo que, provavelmente, essa lista seria acrescentada de forma que não caberia em estudo ou blog nenhum do mundo, tantos devem ser os motivos que levam uma pessoa (homem ou mulher) a fazer sexo.





A pesquisa foi conduzida por David Busss e Cindy Meston e publicada pela revista norte-americana 'Archives of Sexual Behavior', edição de agosto deste ano. O periódico é a publicação oficial da Academy of Sex Research. Os motivos que levam à prática do sexo vão desde os mais mundanos ('tédio') ao espiritual ('ficar mais próximo de Deus'), altruísta ('fazer com que o outro se sinta bem') e manipulatório ('para conseguir uma promoção').





Entrevistados os houve os que se sentem mais poderosos ao fazer sexo. Assim como aqueles que o fazem para se sentirem humilhados. As razões são as mais diversas: causar boa impressão entre os amigos ou inveja, por paixão, ódio, amor e vingança.






Para se chegar ao resultado, foram feitos dois estudos: o primeiro pesquisou 444 homens e mulheres. O segundo abrangeu 1.549 alunos(as) de universidades. Ao final, constatou-se que há quatro fatores principais e 13 sub-fatores que levam as pessoas a se entrelaçaram em intercursos e coitos:


- Motivos físicos: redução de stress, prazer, ampliação de experiência, necessidade física.
- Meta-razões: considerações práticas e úteis (ter filhos), status social e vingança.
- Razões emocionais: amor, compromisso, expressão.
- Razões de base: insegurança, auto-estima, obrigação ou pressão, manutenção do(a) parceiro(a).





Em ambos os levantamentos, os pesquisadores entrevistaram 1.993 homens e mulheres e, por meio das respostas obtidas, chegaram às 236 razões pelas quais ambos tiveram relações sexuais. Veja se você identifica na lista a seguir suas próprias razões ou discorda completamente. Para registro, a ordem relacionada abaixo é aleatória, e não por importância ou por citação de motivos:


1. A aparência física me atraiu
2. A pessoa tinha um corpo desejável
3. Fiz por puro prazer
4. Queria ter orgasmo
5. Procurei aventura e excitação
6. A pessoa tinha um rosto atraente
7. Eu estava com tesão
8. É divertido
9. A pessoa estava muito sexy para eu resistir ao sexo
10. A sensação é boa
11. Eu estava excitado(a) e queria a liberação dessa excitação
12. A pessoa era fisicamente atraente para eu resistir ao sexo
13. Eu queria melhorar minhas habilidades sexuais
14. (o sexo) É excitante e aventureiro
15. Eu queria experimentar novas experiências
16. Eu vi a pessoa nua e não resisti
17. Eu queria ter a experiência
18. Tive a oportunidade
19. Eu queria tentar novas técnicas e posições sexuais
20. Eu queria sentir o prazer físico
21. Eu estava curioso(a) sobre como a pessoa agia na cama
22. Eu não fazia sexo há muito tempo
23. Fiquei excitado(a) pela conversa sexual
24. A pessoa tinha cheiro agradável
25. A pessoa tinha olhos lindos
26. A pessoa era muito desejada por outras pessoas
27. Tive desejos pela pessoa
28. Meus hormônios estavam fora de controle
29. A pessoa se vestia de forma provocante
30. Sou tarado(a) por sexo
31. Quero tirar o máximo proveito da vida
32. Pensei que poderia relaxar
33. Sou dependente de sexo
34. Estava curioso(a) sobre minhas próprias habilidades sexuais
35. Fazia um tempo que eu não tinha relações sexuais
36. A pessoa beijava bem
37. Queria saber como era ter relações sexuais com outra pessoa
38. A pessoa me acariciou
39. Eu queria liberar a tensão
40. A pessoa me fez sentir sexy
41. A pessoa dançava bem
42. A pessoa estava disponível
43. Eu estava curioso(a) sobre o sexo
44. Queria aliviar a ansiedade e o stress
45. Queria ter um orgasmo para me concentrar em outras coisas
46. Fui atraído(a) pela pessoa
47. A pessoa era auto-confiante
48. Eu estava frustrado(a) e precisava me aliviar
49. Queria me sentir viril
50. Queria realizar uma fantasia
51. Queria satisfazer uma compulsão
52. Porque eu sabia que, normalmente, a pessoa estaria fora do meu alcance
53. A pessoa tinha um ótimo senso de humor
54. Simplesmente aconteceu
55. Eu queria ver se o sexo com um(a) outro(a) parceiro(a) era diferente ou melhor
56. Eu estava no calor do momento
57. Queria agradar meu(minha) parceiro(a)
58. Era mais fácil ir até o fim do que parar
59. Queria saber porque há tanto falatório sobre isso
60. Eu poderia me gabar com outras pessoas sobre a minha experiência sexual
61. Queria saber se poderia fazer com outra pessoa na cama
62. Eu estava bêbado(a)
63. Queria aumentar o número de parceiros(as) sexuais que eu já havia experimentado
64. Fui arrebatado(a)
65. (homens) Queria aliviar os testículos
66. A pessoa era misteriosa
67. Fique excitado(a) com um filme erótico
68. Queria comemorar
69. Avaliei que poderia me sentir saudável
70. Me pareceu um bom exercício
71. Tornou-se um hábito
72. Queria conquistar a pessoa
73. Queria saber como era ter sexo sob o efeito de drogas
74. Estava entediado(a)
75. Queria perder minhas inibições
76. A pessoa me deixou lisonjeado(a)
77. Eu estava sob o efeito de drogas
78. Queria ter algo a dizer para os meus amigos
79. Eu estava cansado(a) de ser virgem
80. Queria me livrar da agressão
81. Queria dominar a outra pessoa
82. Eu fui seduzido(a)
83. Queria ter um aumento de salário
84. Queria um emprego
85. Queria uma promoção no trabalho
86. Era parte de um ritual de iniciação do meu clube/grupo
87. Queria transmitir uma doença para outra pessoa (AIDS, herpes etc.)
88. Queria me punir
89. Alguém me ofereceu dinheiro para fazê-lo
90. Queria ter acesso ao(à) amigo(a) da pessoa
91. Queria acabar com o relacionamento do(a) meu(minha) rival
92. Queria ferir meu(minha) inimigo(a)
93. Queria me livrar de uma dor de cabeça
94. Queria pagar na mesma moeda
95. Queria um favor de alguém
96. Queria romper com outro relacionamento
97. Fiz por causa de uma aposta
98. A pessoa me ofereceu drogas para fazê-lo
99. Meu(minha) parceiro(a) fixo(a) é chato(a) e, portanto, fiz com outra pessoa
100. Queria magoar/humilhar a pessoa
101. Queria acabar com meu relacionamento
102. Queria ser popular
103. A pessoa tinha dinheiro
104. Senti ciúmes
105. Queria ganhar dinheiro
106. Queria ter os favores especiais de alguém
107. Pensei que poderia melhorar minha condição social
108. Era um favor que prestei a alguém
109. Eu estava com raiva do(a) meu(minha) parceiro(a) e, assim, tive sexo com outra pessoa
110. A pessoa bebeu muito e eu me aproveitei
111. Prejudicaria minha reputação se eu dissesse não
112. Eu queria ser usado(a)/degradado(a)
113. Eu queria sair e fazer alguma coisa
114. (mulheres) Queria aliviar as cólicas menstruais
115. Queria melhorar a minha reputação
116. Quis impressionar meus amigos
117. Quis mudar o tema da conversa
118. A pessoa me dava presentes
119. A pessoa era famosa e eu queria poder dizer aos outros que fiz sexo com ela
120. Queria me sentir mais próximo de Deus
121. Queria ficar com alguém para me vingar
122. Alguém me disse que a pessoa era boa de cama
123. Tive medo de dizer não e sofrer agressão física
124. Queria provocar ciúmes em alguém
125. Queria terminar o relacionamento
126. Fui desafiado(a)
127. A pessoa me comprou joias
128. Fui pressionado(a) por amigos
129. Queria dar o troco no(a) meu(minha) parceiro(a) por ter feito o mesmo comigo
130. Queria provocar ciúmes em mais uma pessoa
131. Eu competia com outros(as) para fazer sexo com aquela pessoa
132. Queria me gabar de minhas conquistas aos amigos
133. Queria ter mais sexo do que meus amigos
134. Queria me manter aquecido(a)
135. Pensei que isso me faria dormir
136. Queria ter mais foco no trabalho - o sexo distrai a minha mente
137. Queria ter filhos
138. Fiz para saber como era ter relações com pessoas de classes diferentes da minha
139. A pessoa me levou para jantar num restaurante caro
140. Queria queimar calorias
141. Queria me reproduzir
142. Queria testar meu grau de compatibilidade com meu(minha) novo(a) parceiro(a)
143. Quis evitar ferir as suscetibilidades de alguém
144. O outro relacionamento já estava falido
145. Foi um desafio aos meus pais
146. Porque a sociedade considera um tabu
147. Eu precisava acrescentar mais um(a) na minha conta
148. Queria reafirmar minha orientação sexual
149. Retribuí um favor
150. Queria ser aceito(a) pelos amigos
151. Todo mundo fazia
152. Eu era casado(a) e você também
153. Percebi que estava apaixonado(a)
154. Quis aumentar o vínculo emocional
155. Quis demonstrar meu afeto
156. Queria me comunicar de forma mais profunda
157. Quis expressar meu amor
158. Queria ser o(a) eleito(a) da outra pessoa
159. Quis me sentir ligado(a) à pessoa
160. Quis dizer que senti sua (dele/dela) falta
161. Queria celebrar um aniversário ou uma ocasião especial
162. Queria intensificar o relacionamento
163. O cenário era romântico
164. Queria ser bem-vindo na casa da pessoa
165. Tentei, com o sexo, dizer que sentia muito
166. Queria colocar paixão no relacionamento
167. Quis dizer adeus
168. Queria agradecer
169. Tentei levantar o moral do(a) parceiro(a)
170. Era uma ocasião especial
171. Queria ter um(a) parceiro(a) para expressar meu amor
172. Me pareceu um passo natural
173. A pessoa era inteligente
174. Eu desejava intimidade
175. Queria ajudar o(a) parceiro(a) a esquecer seus problemas
176. Queria manter meu(minha) parceiro(a) satisfeito(a)
177. Queria que a pessoa se sentisse bem consigo mesma
178. Queria fazer as pazes depois da briga
179. Quis ter uma experiência espiritual
180. Me senti inseguro(a)
181. Senti que era meu dever
182. Me senti obrigado(a) a fazê-lo
183. Não soube como dizer não
184. Não quis desapontar a pessoa
185. Não queria perder a pessoa
186. Fui pressionado(a) a fazê-lo
189. Eu queria que a pessoa me amasse
190. Fui coagido(a) verbalmente
191. Queria elevar a minha auto-estima
192. Queria ser notado(a) pelo(a) meu(minha) parceiro(a)
193. Quis ser agradável
194. Quis me sentir atraente
195. Quis fazer meu(minha) parceiro(a) feliz
196. Esperei por isso
197. Me senti culpado(a)
198. Tive medo do(a) parceiro(a) ter outros casos se eu não fizesse sexo
199. Queria me sentir amado(a)
200. Senti que devia isso à pessoa
201. Quis me sentir poderoso(a)
202. Quis que a pessoa parasse de me importunar sobre sexo
203. Quis me sentir melhor comigo mesmo(a)
204. Me senti solitário(a)
205. Quis evitar os desvios do(a) meu(minha) parceiro(a)
206. Queria um(a) parceiro(a) para ficar comigo
207. Meu(minha) parceiro(a) insistiu
208. Quis melhorar minha auto-estima
209. Quis reduzir o desejo do(a) parceiro(a) para evitar que ele(a) tivesse relações com outras pessoas
210. Era a única maneira do(a) parceiro(a) passar seu tempo comigo
211. Pensei que era uma forma de atrair um(a) novo(a) parceiro(a)
212. Fui fisicamente forçado(a) a fazê-lo
213. Quis possuir a pessoa
214. Alguém me mandou fazer sexo com a pessoa
215. Queria fazer o(a) parceiro(a) se sentir poderoso(a)
216. Senti pena da pessoa
217. Queria superar o relacionamento anterior
218. Me senti rebelde
219. Me pareceu que a era a única coisa a se fazer
220. Queria parar de atiçar as pessoas
221. Me submeti à pessoa
222. Queria um comprometimento no relacionamento
223. Queria que a pessoa se sentisse melhor consigo mesma
224. Quis me sentir mais maduro(a)
225. Quis evitar um rompimento
226. Queria mostrar submissão
227. Queria manipular a pessoa para obter algo
228. Queria chamar atenção
229. Foi apenas parte da rotina
230. Eu não tive auto-controle
231. Quis controlar a pessoa
232. (mulheres) Queria me sentir feminina
233. Queria esquecer meus problemas
234. Quis me sentir jovem
235. Fiz para cumprir uma promessa
236. Os amigos faziam e eu também quis fazer

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Deslizamento de blogs, mais conhecido como blogroll

Antes, eram 13. Saíram 3. Ficaram, agora, 167. Que conta é essa? É o que pode se chamar de deslizamento de blogs. Rolagem é o mais correto. Mas deslizamento assenta melhor essa terra toda. É a nova blogroll deste blog. Blogroll é a mesma coisa que lista de blogs. Pode ser rol de blogs. Roll é rolar, deslizar. Portanto, basta deslizar o cursor e encontrar na coluna direita deste blog a seção "Blogs | Blogroll" e é só se deixar levar.


Os números que listei no início do post se referem aos blogs que agora estão lá na seção. Eram 13 desde que reformulei este blog. Excluí três - dois porque comunicaram oficialmente que estão paralisados por tempo indeterminado e um terceiro porque não era atualizado há mais de 5 meses. Na blogosfera, um mês é muito tempo. Cinco meses, então, soam quase como uma eternidade. Portanto, foram adicionados 157 novos blogs na minha 'listinha' de blogs.





Blogs são dinâmicos. Ou são constantemente atualizados ou perdem, imediatamente, a fidelidade do(a) leitor(a). Os(as) blogueiros(as) podem tirar férias. Mas têm que dizer isso ao(à) leitor(a). Somos, os blogueiros, como padaria que fornece pãozinho fresco de tempos em tempos. Se falharmos, o(a) freguês(sa) vai cantar em outra freguesia. Pode ter certeza!


Desses 157 novos blogs adicionados, os há de todos os feitos, confeitos e fornos: diferem em conteúdo, em sabor, cor, credo, gênero, número, grau. Uns são expressos: apitam a cada momento com novidades. Outros, fornos movidos a outras lenhas, assam seus pães em tempos particulares.


O que mais me agrada na blogosfera é a diversidade. Diversidade vem da palavra 'diverso' e significa diferente, distinto, que diverge. E é isso que você encontrará na imensa lista dos 167 blogs: diferentes opiniões, distintas origens, divergentes e convergentes temas. Feminino, masculino, gay. Em prosa e verso.


O mais bonito do universo dos blogs é a vastidão. Nunca dá para dizer que uma lista comporta o suficiente. Cada lista, a minha ou a sua, é um extrato desse universo. Para elaborar a minha, não tenho critério nenhum: vejo o blog e sei se gosto ou não. O único critério é que continue ativo. A taxa de mortalidade de blogs é alta. E também a taxa de natalidade. Todo dia tem novidade.





O anagrama da palavra 'diverso', note que engraçado, é 'servido'. Um blog é servido, pois, aos seus leitores e leitoras. É diverso, controverso, disperso, perverso, imerso, transverso, inverso, reverso e universo. Universal, assim como caminha para ser a minha blogroll, o meu deslizamento de blogs: há blogs portugueses (do Brasil e de Portugal), os há de língua espanhola e de inglês. E mais os haverá porque a língua é barreira pequena e a internet é uma Babel a ser escalada.


Convido você, leitor(a) do Por uma Second Life Menos Ordinária, a dar um passeio, a deslizar por entre e dentre esses blogs. Fica logo ali, aqui do lado (pode ser abaixo, ao lado, depende em que momento você ler este post). Divirta-se. As atualizações - inclusões e exclusões - serão feitas conforme meus passeios ou rolamentos pela blogosfera.


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O ridículo das religiões

Há dias que algumas coisas nos são entregues assim, de supetão. Tanto melhor. Como assinante da TV paga brasileira, devo dizer que o serviço é ruim: caro, cheio de repetições sem fim de filmes e séries, com mais breaks do que conteúdo (exceto pelos canais premium) e, a despeito da centena de canais, há momentos em que, definitivamente, não há nada de útil para se ver.


Entre um zapear e outro interminável pelo mar de canais, de repente, me deparei com "Religulous" ("Irreverente", no Brasil, na péssima tradução). O misto de documentário/comédia é uma produção de 2008 protagonizada pelo comediante norte-americano Bill Maher e dirigida por Larry Charles (por referência, é o mesmo diretor de "Borat"). O título original do filme deriva das palavras inglesas 'religion' e 'ridiculous' (religião e ridículo, respectivamente). Assim, o documentário/comédia se propõe a analisar e satirizar a religião (todas) e as crenças religiosas (todas).





Para isso, Bill Maher vai a lugares como Jerusalém (católicos, muçulmanos e judeus), Vaticano (católicos) e Salt Lake City (mórmons) e entrevista, entre outros:


- A mãe e a irmã.
- Um ex-satanista.
- Um franciscano que diz que a homossexualidade é aceitável segundo a Bíblia.
- Um pastor cujo objetivo é ajudar as pessoas a superar sua homossexualidade.
- Um cientista a quem é creditada a descoberta de um gene gay.
- Um jornalista secular.
- Um senador democrata dos EUA.
- Um criacionista.
- Um rabino.
- Um profeta que se diz a reencarnação de Cristo.
- Uma política holandesa.
- Um rapper britânico muçulmano.
- Um ativista radical judeu.
- Os proprietários de um bar gay muçulmano de Amsterdã.


Não vou entrar no mérito dos métodos de Bill Maher. O comediante não é truculento com os entrevistados. Ao contrário, prefere, algumas vezes, retirar-se. Mas a edição do filme eu achei brilhante porque anula os fundamentos das religiões seculares. E mostra a falta de consistência para subsidiar a fé do humano no divino. Não que eu precise de mais elementos os quais eu mesmo tenho capacidade de avaliar. Mas é de uma clareza, para mim, bastante elucidativa.


Principalmente quando mostra, em Dorset, na Inglaterra, a figura de um gigante  - o Cerne Abbaa Giant, The Rude Man, que está incrustado na montanha e seria símbolo de fertilidade (veja a foto e o tamanho correspondente do órgão genital do Rude Man). Esse gigante, embora não se saiba sua origem, têm sido praticamente objeto de culto na região e também por visitantes há milhares de anos. O comediante chama a atenção para o fato desse culto se assemelhar a uma religião porque, embora as pessoas não saibam dizer porque tal figura existe, continuam a cuidar da vegetação e da própria incrustação porque 'sempre foi assim'.





Obviamente, esse argumento é por demais simplista para correlacionar fé e religião. Mas coincide com um argumento que me é muito mais caro: os gregos e romanos adoravam a vários deuses; os gentios adoravam bezerros de ouro; os índios brasileiros adoravam (e talvez alguns ainda o façam) o sol, a lua e o trovão como deuses. Todos esses povos eram politeístas (vários deuses). As religiões monoteístas (um só deus) nasceram da necessidade dos líderes (políticos) de canalizar a fé das pessoas numa só direção, voltada sobretudo a objetivos políticos que se movem - e à fé do humano - conforme seus interesses. Caso mesmo dos muçulmanos, dos cristãos, hindus e tantas outras crenças.


Na faculdade de jornalismo, tive uma professora de antropologia com o qual eu debatia essa necessidade do humano em ter acesso ao divino. A explicação nunca foi totalmente conclusa para mim mas girava em torno do fato de nos exasperarmos ante nossas próprias limitações e, pior, ante nosso próprio fim com a morte. Para não ficarmos submetidos a esse triste e inglorioso fim (ou, no caso dos povos politeístas, por não dominar o conhecimento dos elementos naturais), inventamos o místico.


De qualquer forma, o filme é bastante claro e cabe a cada telespectador, na medida da sua fé - ou falta de - concordar ou discordar dos argumentos do comediante. Eu gostei e concordo. Abaixo, um pequeno trecho do filme.





domingo, 25 de outubro de 2009

Meu rugido dominical




Dizem que, para sermos completos como seres humanos, há três coisas que temos de fazer nessa condição que chamamos de vida: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Na minha concepção, isso significa: lavrar a terra e fazê-la produzir (onde árvore é qualquer alimento); me formar intelectualmente (onde escrever um livro é ter educação formal) e garantir minha descendência (ter um filho).


Das três condições que me dariam plenitude, segundo quem teorizou essa tese, já lavrei a terra por muitos anos, plantei árvores e semeei muitas outras espécies. Intelectualmente, não fui capaz de dar à luz um livro (ainda). Me satisfaço, por ora, em escrever tanto profissionalmente quanto por prazer neste blog. Por fim, a paternidade. Sou completamente cético quanto ao fato de gerar um ser humano. Creio que seria um bom pai mas tenho razões de sobra que se opõem ao sentimento de querer ter os prazeres e desventuras de gerar um filho. Da qual uma das principais tomo de empréstimo de Machado de Assis em "Memórias Póstumas de Brás Cubas": "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".


Um dos casos mais emblemáticos de paternidade que me comove, atualmente, é o caso do cantor Ricky Martin: ele é pai dos gêmeos Valentino e Matteo, concebidos em barriga de aluguel. O cantor resolveu afastar-se da carreira por tempo indeterminado para se dedicar exclusivamente aos filhos. Sobre Ricky Martin muito se disse e ainda se fala, principalmente em relação à sua orientação sexual. Isso não importa. Importa que Ricky entende completamente, a meu ver, o sentido de ser pai.


Neste domingo, o excelente jornal britânico Guardian publicou um extenso artigo sobre a paternidade gay. Baseado nessa reportagem, elaborei este post para - a despeito do meu ceticismo com a paternidade -  compartilhar uma das coisas que mais admiro tanto nos seres humanos quanto nos animais: a relação com a cria.


Na sexta-feira, assisti, na HBO, a um documentário extremamente dolorido, feito por uma mãe, que registra os 15 anos do filho Evan - "Boy Interrupted" ("Garoto Interrompido") - vídeo com legendas em espanhol abaixo. Evan cometeu suicídio. A mãe, Danna, fez o documentário porque não tem respostas. O documentário retrata a trajetória de Evan por meio de fotos, vídeos domésticos e entrevistas que abordam o transtorno bipolar de Evan que causaria, por fim, sua morte. Ao mesmo tempo em que é doloroso, o documentário traz o impacto da morte não-natural de um filho sobre os pais. A perda da cria e de como isso - assim como o nascimento - afeta a vida dos genitores.





Na reportagem do Guardian - neste link, em inglês (use o serviço de tradução do Google) -, os relatos dos pais gays dão essa dimensão de que falo acima: ainda que não sejam pais biológicos como Ricky Martin ou Danna, pais, para mim, o são sob qualquer condição. Estão lá os requisitos necessários para exercer a paternidade: o carinho, a vontade de se doar, as condições estruturais que permitem o estabelecimento de vínculos e de raízes entre pais e filhos.


Uma das coisas que mais me causa asco de seres humanos é o oposto a tudo isso: pais e mães que desprezam seus descendentes, que os abandonam (e seja por quais motivos forem, não há justificativa e nesse ponto, particularmente, sou radical). Aqui mesmo, no Brasil, na semana passada, um adolescente de 11 anos viajou no bagageiro de um ônibus por algumas horas, escondido da empresa de viação, para pagar uma promessa que havia feito a Deus para que seus pais parassem de brigar.


Não sou pai e não tenho os elementos para conhecer a rotina de ser pai. Mas não sou tolo para saber que há um mínimo a ser provido pelas pessoas que, espontaneamente ou não, são pais. Me recordo que, quando cheguei a São Paulo, fui, com um grupo de amigos, numa iniciativa de voluntariado, a um orfanato na zona leste da cidade, num dos lugares mais tristes dessa cidade. Lá, desde o momento em que cheguei, um menino de 2 ou 3 anos se agarrou a mim e ficou no meu colo. Ficamos por lá umas 3 ou 4 horas e, quando partimos, esse menino não queria se soltar de mim e me chamava de pai. Isso foi muito dolorido e eu, por covardia, talvez, nunca mais voltei a um orfanato.


Portanto, não devo me completar como ser humano e fazer o círculo que, teoricamente, me faria inteiro. Fico apenas entre plantar árvores e escrever livros. Podem me tachar de covarde, de desumano ou de qualquer outro rótulo. Somente sei que, por ter tantas dúvidas e incertezas, isso me basta para que eu não gere descendentes, em evidente rebeldia à lei natural. Deixo para os meus semelhantes a tarefa de continuarem essa humanidade. A minha própria humanidade (ou não, a depender do seu julgamento) me impede de acrescentar mais uma pessoa nesse mundo que não entendo e que temo.

sábado, 24 de outubro de 2009

Um cavalo de pau para as modas contemporâneas

Os mesmos cientistas que resgatam os fragmentos que permitem datar e codificar a evolução da humanidade bilhões de anos atrás são os responsáveis pelo sombrio futuro daqui a alguns milhões de anos: a extinção da espécie humana.


Estou na fase final da leitura de um catatau sobre a evolução do planeta. Esse livro faz um retrocesso de alguns bilhões de anos para tentar explicar a origem de todos nós. Para trás ou para a frente, o que se sabe, quase com certeza, é que não existíamos e que deixaremos de existir.





Isso pode soar terrível porque, aparentemente, somos os controladores de todo o planeta. Mas não é bem assim e a natureza se sobrepõe à nossa fraca condição de elemento da cadeia. Somos apenas mais um traço nessa escalada e, assim como os dinossauros viveram e definharam, também nós nos desenvolvemos e chegaremos a um ápice. Depois, a decadência. E, por fim, a extinção completa. Assim como o pássaro dodô, a nossa existência será apenas isso: dadaísta, sem sentido. Dadaísmo vem da palavra francesa 'dadá' que significa cavalo de pau, o brinquedo infantil. Pois dou um cavalo de pau no comportamento contemporâneo que para mim, no mais das vezes, não faz o menor sentido.


No intervalo entre o momento em que adquirimos consciência (e essa data, creio, nunca será precisamente determinada) até o momento atual, ao qual chamamos de contemporâneo, muita coisa mudou. Mas, conforme passam os anos (dizem que as antigas civilizações datam de pouco mais de 5 mil anos atrás) e, no momento mesmo em que eu, humano, presencio o desenrolar da história, o que vejo, no decorrer das décadas, não é nada evolutivo: é castrador.






É como se fossemos, uns e outros, caça e caçador. Bastou um comportamento se desviar do considerado padrão para que alguns de nós sejamos tachados de subversivos, devassos, sórdidos e mais uma série de adjetivos que se pretendem desqualificadores. Isso vale para preconceitos, estilos de vida e até mesmo sobre o que consumimos.





Volto a afirmar, como já disse antes neste blog, que somos, na maior parte, vigiados por um Estado e uma sociedade autoritários que não hesitam em condenar sob pena de, em algum tempo, estarmos todos presos nessa armadilha hipócrita do que é ou não é correto. O certo e o errado variam, historicamente. As leis mudam, como disse o amigo Pinguim, e basta um governante e um grupo de políticos decidir, lá se vão anos de conquista e de uma pretensa evolução cultural.


Aqui em São Paulo e em algumas outras capitais brasileiras já vigoram leis bastante autoritárias que cerceiam, antes de tudo, a liberdade individual, tecla a qual nunca me cansarei de dedilhar: é a lei antifumo, a lei do silêncio, a lei do rodízio municipal que me proíbe de circular por algumas horas um dia na semana e que nem por isso me desconta os impostos (federais, estaduais e municipais) que eu pago sobre o carro e mais uma penca de leis que nascem por uma demanda de alguns hobbies ou porque alguns setores da sociedade acreditam mesmo que as leis são capazes de ditar comportamentos.





Se existem as leis oficiais, outras, por vezes piores, são leis não-escritas, mas que têm força coercitiva muitas vezes dobrada porque são daquele tipo que te intimidam socialmente e te elegem (ou ao grupo) como pária: você se transforma em exemplo a não ser seguido e é apontado como um outsider (né, Gentil Carioca?).





Hoje, contemporaneamente, por vezes sem conta me sinto um outsider. Faço parte do grupo segregado que fuma; bebo e sou recriminado por isso; tenho um comportamento que, para alguns, é visto como nocivo; e, agora, pertenço a uma categoria quase equivalente aos antigos antropófagos: gosto de carne. Não da carne humana. Bem... da carne humana não nessa conotação. Mas em todas as outras, pô! sou bem humano!


Gosto de carne de bicho morto, em vulgo português: carne bovina, caprina, suína, de aves, de caça. Toda e qualquer carne. De preferência, levemente mal passada, o que me remete, simbolicamente, aos selvagens que comiam carne crua (ah! gosto de peixe cru!) porque não dominavam o fogo e desconheciam os temperos.





Pois que agora instituíram a Segunda Sem Carne, pela qual toda segunda-feira as pessoas, espontaneamente, deixam de ingerir carne. Essa data se segue ao Dia Mundial Sem Carne (que é realizado no dia 20 de março). OK! Nada contra. Cada um opta pelo que acha mais saudável, mais prudente ou, no limite, por aquilo que a correnteza leva.


Mas me preocupa o fato de isso virar, primeiro, um debate na roda de amigos e, depois, pequenas e superficiais condenações. É como no passado quando não se comia carne na sexta-feira santa (e isso ocorreu na minha casa por muito tempo). O problema é que quem adota tal atitude quer que o rebanho (não abatido, evidentemente) inteiro se una na mesma condição.


E aí eu retruco: por que não parar de comer de uma vez? Porque, se fazemos parte da cadeia alimentar, deveríamos ter a mesma consciência com toda a gama de alimentos: vegetais, animais e minerais. Comer uma alface pode ser encarado, portanto, como um assassinato verde, não é? Ou as plantas são menos seres vivos do que os animais? Para mim, exceto pelas pedras, plantas e animais são, todos, seres vivos.


E por que cargas d'água comer um coelho ou uma vaca é um crime ambiental e comer arroz não é? Se a agricultura e a pecuária de subsistência têm os mesmos princípios? Acho que tudo não passa de conversa fiada para boi ir dormir (e, mais tarde, ser abatido). Lorotas!


Estamos de passagem por aqui e daqui a pouco não mais existiremos. Com carne de vaca ou sem. Isso é fato. Portanto, me deixem em paz com minhas picanhas. Façam suas saladas verdes e regojizem-se: estão a cometer crimes naturais da mesma forma que eu o faço. O que dizer da água que caminha para o completo esgotamento? Você vai parar de tomar água por isso? Oras, é uma questão de sobrevivência.


Repito: cada um de nós é muito provisório para que fiquemos a cuidar uns dos outros como se fossemos sobreviver aos tempos. Todos acabaremos na mesma condição: enterrados, derretidos ou embalsamados, seremos apenas carcaças. E, depois, nem isso. Seremos poeira do tempo porque a natureza é selvagem e não poupa a nada e a ninguém. Por sorte.


sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Saudade de mim

De 1981 a 1993, a TV Cultura de São Paulo exibiu o "Som Pop", descendente dos precursores "TV2 Pop Show" (criado em 1973) e "RTC Pop Show". Esses são os programas considerados pioneiros na exibição de videoclipes no Brasil.


Me lembro que, aos domingos, na tela da TV preto & branco, acho que umas seis horas da tarde, se não me engano, uma das imagens mais marcantes e que nunca mais me deixou foram as do clip abaixo:





Nem as imagens e tampouco a música. Por mais que eu queira, não consigo me recordar das músicas tocadas naquela época. Mas essa que postei acima sempre me veio à mente.


E especialmente hoje tive saudade tanto da época quanto de mim mesmo naquela fase. Eu não sabia, mas lá, naqueles domingos embaçados da má qualidade da transmissão e embaçado eu mesmo com as minhas próprias introspecções, as coisas eram menos complicadas e até a música era mais rica.


Eu, ao invés disso, costumava reclamar e era um casmurro. Emburrado, somente ficava feliz quando ninguém mais estava na sala para compartilhar a TV, disputada entre alguns lá de casa.


Hoje, com mais de 100 canais à disposição, somente conseguir pensar na TV Cultura, gratuita, e no belo programa que era o "Som Pop" e que nem a programação inteira da MTV é capaz de me provocar a mesma sensação da pomba que voa. Isso tem nome e é saudade.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cada dia sem gozo é um dia de charco

Ponho aqui uma poesia dura porque não é sem candura que tento não pensar muito nisso. Porém, entradas que são as horas, já não há porque mentir: não passa um dia sem que eu o goze, verdadeiramente. E me pesa que eu beba e sorria, sim. Porque já não me basta o reflexo do sol. E muito menos de um reflexo de sol no charco. Porque no charco não há sol. Não há natural ventura. Não há artificial ventura. Não há ventura nenhuma em ver passar os dias sem gozo, sem deleite.





Cada dia sem gozo não foi teu


Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.


Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.


Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!


(de Ricardo Reis)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A passos de tartaruga

Prevê-se que, no ano que vem, o mundo todo produzirá um volume de dados equivalente a 1 Zetabyte (dado IBM). Em 2011, a população mundial deverá gerar 1,8 Zetabyte (dado IDC). Zetabytes são unidades que correspondem, em dados, a 1 trilhão de Gigabytes. Um iPhone 3G, por exemplo, tem capacidade de armazenar 16 Gigabytes e os HDs - hard disks - de um computador como este no qual escrevo têm capacidades de armazenamento que variam entre 120 GB, 250 GB, 500 GB e até 1 Terabyte (o meu primeiro PC, por exemplo, tinha capacidade total de 1 GB).


Em quatro anos, ou até 2013, estima-se que circularão pela internet mundial dados em volume mensal equivalentes a 10 bilhões de DVDs. Cada DVD pode guardar entre 4,7 GB (single layer ou camada simples) a 8,5 GB (dual layer ou camada dupla). Todos esses números indicam a largura de banda ocupada pelos dados - textos, vídeos, aplicativos, troca de arquivos, de e-mails e toda e qualquer transação que passe pela internet - no ambiente da internet mundial.

Para suportar esse tráfego intenso, surgiu, em 1989, nos EUA, a banda larga, em contraposição ao acesso discado (ou banda estreita), que suporta taxas de velocidade de transmissão de dados de até 56 Kbps. Antes disso, a conexão à internet era feita pela linha de telefone comum, pela qual a linha permanecia ocupada enquanto se estava conectado à internet. Com a banda larga, um modem é agregado à linha de telefone comum para converter o sinal padrão do telefone em uma conexão de dados, com a consequente liberação do canal de voz: pode-se falar e se conectar à internet simultaneamente.



O órgão mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) que regulamenta e orienta as telecomunicações mundiais é a União Internacional das Telecomunicações (UIT ou ITU). Oficialmente, a UIT estabelece que a velocidade-padrão da banda larga começa em 256 Kilobits por segundo (Kbps) e pode chegar a 1 Megabit por segundo (Mbps), 2 Mbps, 8 Mbps, 30 Mbps, 60 Mbps e até a 100 Mbps. E essa taxa de velocidade com que os dados são trocados entre um computador e outro é o que determina a velocidade de conexão (para envio e recepção de dados ou upload e donwload).

Ou seja, a largura de banda é o volume de dados que transita na internet e a banda larga é, a grosso modo, a velocidade com que esses dados são trafegados.

No Brasil, a maior parte das conexões chamadas de banda larga está na faixa de velocidade entre 512 Kbps e 2 Mbps. Essa é a taxa nominal (contratada) pois, na verdade, a taxa real (que vemos na velocidade com que as páginas são carregadas nas nossas telas), na maior parte das vezes, é um pouco superior a 100 Kbps. As conexões brasileiras, em estudo recente, são classificadas em 45º. lugar num ranking entre 66 países. Estamos, portanto, segundo esse levantamento, 'abaixo das necessidades atuais'. 

Em países nos quais a banda larga atende aos requisitos mínimos, essa taxa (nominal e real) está, em média, em 4,75 Mbps. Bastante superior, portanto, às taxas brasileiras de 100 Kbps. No Brasil, estima-se que haja um pouco mais de 15 milhões de acessos de alta velocidade (nas tecnologias fixa, móvel, de TV por assinatura, rádio, satélite e IP). Até o final deste ano, estima-se que o País chegue a 17,7 milhões de acessos em banda larga. Isso significa que pouco mais de 9% da população brasileira (191,9 milhões até hoje) terão conexões mais rápidas. Até 2014, as projeções (otimistas) indicam que o Brasil terá 90 milhões de conexões de alta velocidade.



Na semana passada, o governo do Estado de São Paulo lançou o programa de banda popular para toda a população do Estado pelo qual potenciais 2,5 milhões de residências (das quais 1,810 milhão têm acesso discado e 690 mil não têm nenhum tipo de acesso) terão direito a banda larga por R$ 29,80 para bandas que variam entre 200 Kbps e 1 Mbps. Como parceira, o programa governamental tem na Telefônica a operadora que faz a conexão. Numa aparente desconexão entre o discurso do governo e da operadora, o anúncio formal da Telefônica fala de taxas a partir de 250 Kbps. Em ambos os casos - mínimo de 200 Kbps ou 250 Kbps -, no entanto, a taxa de velocidade não atende aos requisitos da denominação de 'banda larga' dada pela UIT. Posteriormente, a NET divulgou que oferecerá o mesmo serviço, nas mesmas condições.

Para fazer o contraponto político, o governo federal, por meio do Ministério das Comunicações, divulgou esta semana que pretende lançar um programa mais abrangente, o plano nacional de banda larga. A meta é levar a internet rápida (com taxas de transmissão entre 256 Kbps a 1 Mbps) para 29 milhões de residências brasileiras - de baixa renda e para áreas onde a oferta de banda larga é quase inexistente - em cinco anos a R$ 9,90 mensais (o valor máximo seria estabelecido em R$ 30). O anúncio formal deve ser feito em novembro (a banda larga popular do Estado de São Paulo começa a ser comercializada a partir do dia 9 de novembro).

Estudos do Banco Mundial sugerem que a cada 10% de expansão na banda larga dos países correspondem a um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,38 ponto percentual. Ou seja, o acesso rápido é uma das formas de se desenvolver um país. Casos fartamente comprovados por países como a Coreia do Sul, por exemplo.

Distante da batalha política brasileira entre governo federal e estadual, a notícia que chega do frio deveria congelar essas pequenas pretensões nacionais: também na semana passada, o governo da Finlândia anunciou que, a partir de 2010, todos os cidadãos finlandeses terão direito, garantido por lei, de ter acessos à internet a partir de 1 Mbps. Em 2015, essa conexão deverá ser de, no mínimo, 100 Mbps (rede de altíssima velocidade, baseada em conexões por fibra óptica). A Finlândia tem 5,5 milhões de habitantes e 79% desse total já têm acesso à banda larga. Enquanto o mundo promove o arranque a velocidades de coelho, somos uma tartaruga gigante que perde o tiro de largada.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Bedtime or bad time stories: histórias que contam para os adultos dormirem

Histórias para dormir (bedtime stories) ou provocar pesadelos (bad times)? Sabe as velhas canções de ninar? 'Nana neném que a cuca vem pegar, papai foi pra roça, mamãe pro cafezal..." (pode haver variações). Ou a outra: 'Boi, boi, boi da cara preta...'. As histórias têm fundamentos mitológicos e esses mitos estão longe de serem inocentes.





A primeira canção - 'Nana neném...' - pode muito bem significar que a 'cuca' é um monstro pronto a te engolir. O significado sexual é de algo que, antes de te penetrar, te absorve, de forma carnal e visceral. A segunda canção - 'Boi, boi...' - pode remeter diretamente ao mito do Minotauro, do ser com corpo de homem e cabeça de boi, também com forte significado sexual. Ambas são de possessão.






Isso não é uma divagação minha e tampouco o argumento é novo. Qualquer leitura aprofundada de contos de fada (fairy tales), com recorte psicológico, sempre demonstrará que há uma pulsão sexual a mover cada historinha que, aparentemente, é infantil. Mas as histórias infantis são, na maior parte das vezes, de alta carga sexual e, de forma surpreendente, se analisadas, bastante cruéis. Basta lembrar as histórias tradicionalíssimas sempre com uma moral (um aprendizado) a concluí-las.






De forma que, embalados que fomos pelas canções de ninar desde os mais tenros anos, nos acostumamos a fantasiar com 'cucas' e 'bois de cara preta' como entes monstruosos. Que podem ser tanto o feminino (cuca) quanto o masculino (boi) a nos atormentar, precocemente, como duas entidades ao mesmo tempo apavorantes e excitantes.






Tanto que, se bem me lembro, dormíamos com um olho aberto e outro fechado. Medo? Sim, claro. Não havia consciência crítica o suficiente para separar a realidade da fantasia. Mas, ao mesmo tempo, talvez pairasse no ar uma certa expectativa de que ambos os 'monstros' convidados a partilhar de nossas inconsciências sonolentas realmente viessem. Como se olhássemos por entre os dedos.






Incapazes de nos conter ante o pavor e, por um comportamento que é tipicamente humano, potencialmente preparados para o ataque primitivo que seria encetado por tais monstros. Querer e não querer. Temer e desejar.







No final, o desejo ficava por detrás das imagens que projetávamos. Um desejo secreto, guardado no nível do inconsciente. Há um livro, 'A Psicanálise dos Contos de Fadas' - Bruno Bettlheim - editora Paz e Terra - 440 páginas, que aborda bem essa questão do imaginário infantil criado de geração em geração à base de mitos.






Claro que nossos pais não sabiam que, ao transmiti-los, estavam a passar adiante, como receberam, códigos e significados que, se aparentemente não passavam de tolas fantasias, no fundamento continham uma simbologia que, por fim, remeteria a questões ditas adultas: sexo, violência, dominação, força, coerção, luxúria, desejos etc. etc.





Assim se dá que as bobinhas histórias que nos contam quando crianças para ir dormir (durante a fase diurna da vida), à noite (fase noturna) essas histórias convertem-se em sonhos do tipo bad. E bad não com a conotação de ruim. E sim com a conotação de 'malvados', quiçá 'sujos', do tipo que assanham, que atiçam e fomentam desdobramentos outros. É quando as bedtime stories passam a ser bad time stories.


Parte disso sempre esteve evidenciado de uma certa forma por revisitas a certos personagens simbólicos de gerações e gerações de crianças. Assim é que Chapeuzinho Vermelho, criança, é uma meiga netinha. Adulta, entende exatamente o 'crescimento' do lobo e consequências advindas desse fato. Oras, o cinema explora isso há muito tempo.





Em continuidade a essa tradição de tirar do mito infantil a áurea de intocável não é de se surpreender, portanto, que a matriarca dos Simpsons, Marge Simpson, em comemoração aos 20 anos do desenho norte-americano, 'resolva posar nua' para a Playboy igualmente norte-americana. Do outro lado do mundo, em Israel, o artista David Kawena fez a mesma coisa e deu conotação sexual a alguns dos personagens de sangue azul da Disney. Príncipes, heróis e imperadores estão para lá de calientes na versão homoerótica de Kawena.


No caso de Marge Simpson, o desnudamento da personagem, na atual cultura pop, era até mesmo esperado. Já a releitura de alguns dos personagens mais famosos da Disney - Aladin, Peter Pan, os príncipes de Zárnia, Troy Boltcon (de High School Musical), Tarzan etc. - reafirma, no entanto, essa vontade de romper com padrões. E de fazê-lo da forma mais voraz: pela leitura erótica.


Recuperam-se, por esse registro, os antigos mitos da infância (e eu falei de mitos e canções brasileiros mas basta mudar as letras e os personagens; tudo o mais será semelhante) revisitados por adultos que ouviram e maturaram esses mitos até dar-lhes, afinal, a conotação sexual que lhes pertencia desde o início. E quem quiser que conte outra.




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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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