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quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Reductio ad absurdum

Reductio ad absurdum (latim, significa "redução ao absurdo" ou "reduzir ao impossível") é um conceito aristotélico e define um tipo de argumento lógico no qual alguém assume uma posição derivada de uma conseqüência absurda ou ridícula, e então conclui que a suposição original deve estar errada, o que conduz a um resultado irracional.

Reductio ad absurdum também é usado muitas vezes para descrever um argumento no qual uma conclusão é derivada de uma crença a qual todos (ou pelo menos aqueles que argumentam contrariamente) aceitarão como falsa ou absurda.

Um exemplo bastante comum: Mãe: Por que você começou a fumar? Filho: Todos os meus amigos fazem isso. Mãe: Está dizendo que se todos os seus amigos saltassem de um precipício, você o faria também? O argumento do filho é fraco e não tem lógica. De fato, ele começou a fumar porque quis, e não por imitação.

Eu me recordei desse conceito quando me deparei com algumas contradições das pessoas. Primeiro, elas lançam os argumentos à mesa. Depois, esperam que os presentes debatam esses argumentos à exaustão, contrários ou favoráveis, seja o que for. Ao fim, a pessoa que lançou o argumento somente assiste a cena, extasiada por ter provocado tão promissor debate e, em muitos casos, a primeira opinião de quem iniciou o conflito muda radicalmente de um extremo ao outro.

Eu sei que estou a cada dia mais longe do entendimento, aceitação e glorificação do ser humano, em geral. Na verdade, estou cada vez mais perto do marco zero da intolerância. Não tenho paciência para conversas sem objetivos e principalmente quando o foco do assunto é sobre o que eu faço e o que penso.

Não, não me entendam mal. Ainda que eu goste de ser o centro das atenções, não aguento quando as pessoas pensam que me conhecem mais do que a mim mesmo. Eu acho que, depois de conviver comigo todos esses anos, devo saber como funcionam todos os mecanismos desenvolvidos pela minha mente e corpo. Mas, não. As pessoas insistem e daí entra o reductio ad absurdum, pelo qual tentam extrair de você a verdade (segundo a ótica dessas pessoas) com técnicas sofisticadas de torturas psicológicas. E você nega, nega e nega até o galo cantar. E a tortura da gota que cai sem parar continua. Ao fim, ou você admite que o outro está certo ou sai em frangalhos. E o pior é que depois de tudo, o outro lado, de repente, admite que você até pode ter razão. Ou muito me engano, ou todos vocês, leitores, já passaram por algo semelhante.

De repente, vejo uma luz. Caroline me chamou e fui. Há uma luz. Trata-se de adotar um outro conceito, o do teatro do absurdo, que trabalha a realidade de forma inusitada. Em resumo: ser ilógico e soar como absurdo. Falar uma coisa enquanto esperavam que dissesse outra. Agir de forma totalmente contrária ao esperado. Eclipsar-me, virar um ectoplasma.

Quando eu escrevi em posts anteriores sobre desconstrução, era a isso que eu me referia: ser surreal. Porque, se me tratam como surreal, surreal serei! O bom do surrealismo é que nada é previsto, nada é premeditado. Ainda que eu previna as pessoas, aqui, neste texto, de que meu comportamento poderá ser absurdo, ninguém acredita e nunca saberá se sou eu ou é o outro, o surreal. Aquele da "minha vida sem mim". Não é legal?

Dizem que estou com um olhar insano, ultimamente. Talvez. Meu carregamento de fluoxetina não chegou e a palavra "lucidez" assume conotação de "acesso de loucura ao contrário". Uma pessoa querida na minha vida me disse, há alguns anos, quando usei cavanhaque, que eu tinha a aparência de um ser maligno e que, conforme eu a olhava, essa pessoa me temia. Ahahahaha!!! (quem ri sozinho está louco, dizem). Era essa a intenção. No que me toca, unirei a redução ao absurdo ao absurdo em si para me transformar absurdamente em um Ser Sur Real. "Ora", direis-me, "estás a viajar!". "Ora", responderei-te, "a imaginação é mais poderosa do que a rotineira vida real!". Dank, Caroline, dank!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Tendências

O barulhinho das moedas que tilintam nas burras é tudo de bom! A revista Forbes acabou de divulgar a lista das 20 mulheres mais poderosas na música. O levantamento da Forbes indica o faturamento apenas do ano passado, e não do patrimônio que as milionárias acumularam ao longo de suas carreiras. A seguir, as top, por ordem de dólares na carteirinha Louis Vuitton e a cotação do blog, que nunca é tendencioso:

1. Madonna - US$ 72 milhões (cotação do blog: fervida, pernas para que te quero!)

2. Barbra Streisand - US$ 60 milhões (cotação do blog: opulenta, é uma das maiores fornecedoras da Nestlé)

3. Celine Dion - US$ 45 milhões (cotação do blog: azarenta - "Se eu afundar, levo todos comigo!")

4. Shakira - US$ 38 milhões (cotação do blog: massuda, sobe e desce na boquinha da garrafa)


5. Beyoncé - US$ 27 milhões (cotação do blog: briguenta: "Eu tenho a força!")


6. Gwen Stefani (ex-No Doubt) - US$ 26 milhões (cotação do blog: humilde - doméstica, ela era empregada doméstica)


7. Christina Aguilera - US$ 20 milhões (cotação do blog: samaritana - todos temos nossa hora de lanterna dos afogados)

8. Faith Hill - US$ 19 milhões (cotação do blog: religiosa, a fé não costuma faiá)



9. Dixie Chicks - US$ 18 milhões (cotação do blog: ecológicas - não usamos papel)


10. Mariah Carey - US$ 13 milhões (cotação do blog: consumista - aquisições recentes - pouca chita e muito silicone)


11. Hilary Duff - US$ 12 milhões (cotação do blog: solidária - trenzinho)


12. Avril Lavigne - US$ 12 milhões (cotação do blog: rebelde e herdeira do Sid Vicious - já fui demo na vida)


13. Martina McBride - US$ 12 milhões (cotação do blog: cândida - "Preciso podar essa grama e costurar minha saia")


14. Britney Spears - US$ 8 milhões (cotação do blog: carente - "Preciso de ajuda!")


15. Carrie Underwood - US$ 7 milhões (cotação do blog: meiguinha, mais conhecida como Barbie Baby Doll)


16. Nelly Furtado - US$ 7 milhões (cotação do blog: ativista - "Eu tenho peito!)


17. Fergie - US$ 6 milhões (cotação do blog: ingênua - "Mamãe disse para eu não falar com estranhos")


18. Jennifer Lopez - US$ 6 milhões (cotação do blog: guerreira, modelo e atriz - "Eu sou a legítima Xena!")


19. Sheryl Crow - US$ 6 milhões (cotação do blog: macha - "Eu sou a legítima k.d. lang")


20. Norah Jones - US$ 5,5 milhões (cotação do blog: infantil e egoísta - "Iupííííí!!! É tudo meu!!!!")

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Você é o que você come

O dito popular (né, Man in the box?) é sábio e certeiro. Li, creio que no Estadão, uma relação entre o homem e a comida. Procurei no Google, mas, não consegui recuperar a matéria.


Era mais ou menos assim: se você gosta de comidas cremosas, você tende a ser ciumento; se de frituras, é agressivo; se for um prato leve, você é sensível; se for de alimentos ácidos, é crítico (e também cítrico); e, se for de comidas pesadas, é do tipo rude.

Pena que não havia, e disso eu me lembraria claramente, uma comida relacionada a tipos que te fazem sentir uma boneca de pano: sem vida, mole, jogada ao sabor do ato assim como um cozinheiro experiente volve e revolve a panqueca e que, ao final, despenteada, desmobilizada de suas forças, pega o carro e vai embora para casa e se pergunta, 35 horas depois (porque nas 34 horas subsequentes, a pessoa, err ..., a boneca perde toda e qualquer conexão de neurônios): o que foi aquilo? (piada pessoal, me desculpe).

Não era bem isso (a matéria do Estadão), mas, o conceito (da relação homem/comida, não o da boneca que teve seu dia de maria-mole) era esse. Eu, como futuro chef de cozinha (espero que não num posto de beira de estrada, a virar hamburguer na chapa), tenho obrigação de conhecer a comida de uma forma íntima. Não só as propriedades naturais dos alimentos, como também suas implicações emocionais. Porque as há, acredite em mim.

A partir desse princípio, e sem entrar na discussão corpórea e gelatinosa entre a obesidade e a anorexia, por favor, quero deixar claro que, quando desenvolver meus próprios pratos, começarei a partir do olhar sobre o rosto do meu comensal (mais um termo da área). Você percebeu que usei o pronome possessivo "meu"? É um vício, me apoderar e deter. Tenho problemas com retenções, entende?

Pois é: quando eu for servir um prato ao MEU cliente, terei que ir ao salão, ver seu rosto, esquadrinhar seu corpo e, por meio de uma ultrassonografia complexa e interna, a que somente eu tenho acesso, determinarei o tipo de prato que esse já MUITO MEU querido comedor (meio pejorativo, mas, vá lá ...) está apto a degustar.

Porque, se você é o que você come, eu, como chef, tenho que ter uma percepção extrasensorial abrangente o suficiente para combinar cores, aromas e temperos que, ao serem digeridos, resultem num ato de consumação pleno. Talvez eu esteja a soar como pretensioso demais. Me recordei, assim, do nada, que, em "O Perfume", o protagonista se faz ser devorado por outros seres humanos que não resistem ao seu cheiro. No fundo, bem lá no fundo, vai ver estou a sugerir algo do gênero. Vai saber ...

Neste menu que unirá alimento e alimentado de forma carnal e visceral, satisfarei as mais ocultas e profanas intenções que uma pessoa possa ter no ato de comer. E isso acontecerá de uma forma tão intensa que, pelo fato de ser o que se come, você, MY, MINE, MIO, MÍ cliente, entenderá, enfim, porque "o homem é o lobo do homem". Acho que viajei na maionese, para ficar em comida.

Mas, atente para a metáfora que eu, de forma catatônica, tentei fazer: se sou o que como, ando a comer mal pra caramba!!! A ponto de querer me transmutar na comida. Se, e somente se, comida, para quem precisa?, digo que nem só de pão vive o homem. Também quero o meu circo, para ficar mais uma vez no ordinário da vida real.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A dama e o vagabundo

Os vira-latas são mais inteligentes do que os cachorros de raça com pedigree. Pelo menos é o que indica um estudo realizado na Universidade de Aberdeen e de Napier, da Escócia. A pesquisa aplicou sete testes, inclusive de QI, em 80 cachorros. Os animais foram avaliados pelo desempenho nos testes, cujas notas chegavam até os 30 pontos. A média entre os vira-latas foi de 20 pontos, ante 18 dos cães de raça. Eu tenho tentado, até me esforçado, em ser menos ordinário. Bem, é o que diz o nome deste blog, não é? Daí que vem um bando de cientistas malucos, fazem um teste canino e provam que os vira-latas são mais espertos. Meu mundo não ruiu, exatamente, porque, apesar de eu ser um cachorro, em alguns sentidos (faro, abano de rabinho, resposta rápida a assovios, audição de sons imperceptíveis ao humano - ou, afinal, são vozes que eu ouço? -, salivação excessiva quando o dono (!!!) está por perto e apego ao osso), em outros sentidos, estou mais para o Cérbero, que, na mitologia grega, é o cão que guarda a porta do inferno com a missão exclusiva de não deixar que ninguém de lá saia (a entrada, claro, é franqueada a todos). Passa-se que, além de guardião do inferno, Cérbero era, na antiguidade, um cão que comia gente. A palavra grega kérberos (cérbero) é sinônimo de outra palavra grega, kroboros (comedor de carne). Como eu acredito que os gregos tudo sabiam, fico com eles. E essa definição tem muito a ver comigo (com você não??? sorry!). Estou aqui a emulsionar azeite e água (em gastronomia, emulsão é o processo que junta dois líquidos, temporária ou permanentemente, os quais não se misturam naturalmente) para reavaliar minha postura de cachorro: se quero ser um pastor alemão ou almejo ser apenas o cão de rua. Em outras palavras, pelas quais espero não ser mal interpretado, serei eu a Dama (cocker spaniel) ou o Vagabundo (vira-lata)? Decorre que a minha porção Cérbero é definitiva, portanto, raçudo ou não, ficarei com a ancestralidade do bad dog, a qual consiste em devorar (soa melhor e mais sanguinário do que comer) pessoas. Me sobra optar pela pelagem nobre da dama cocker ou ser um cão sem dono, perdido do caminhão de mudança, sarnento e pulguento, que vira qualquer lata na rua e sobrevive a duras penas, com o focinho sempre a farejar o próximo ataque. Soa cruel e é para ser mesmo. Como não dá para miscigenar nobreza com a plebe porque não há processo gastronômico que as una, tenho que optar. Creio que serei vagabundo. Assim, meio blasé. Tipo desconstruído. Meio jogado. Que passa batido pelas batidas. Que apanha, emite uns ganidos e já se mete a devastar a próxima lata. Porque, para ser dama, caro(a) bleader, é preciso ter quilate. E cão que o tem, não morde (foi mais que irresistível o apelo ao trocadilho e me ocorreu agora, neste momento em que o escrevo, e não vou deixar passar, não, ainda que fraco!). Sob pena de não responder ao chamado do blog, que clama por uma vida menos ordinária, terei que, ao menos por enquanto, fazer ouvidos moucos. E seguir o rastreio que somente a um vira-lata faz sentido. Au!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Meu rugido dominical

"Rei Lear" (King Lear) é uma peça de William Shakespeare, escrita em 1605. Na trama, Lear é rei da Bretanha e decide dividir o reino entre suas três filhas: Goneril, Regane e Cordélia. A divisão do reino baseia-se na gratidão e no amor que as filhas sentem pelo pai. Das três, somente Cordélia contraria as expectativas do rei e é expulsa do reino. A expulsão da filha, da Inglaterra e do seu coração, é o primeiro passo para o calvário do rei, que acaba nu, exposto à tormenta e louco. No decorrer da peça, Lear começa a descobrir quem são realmente suas filhas. Goneril e Regane unem-se contra o pai, que se arrepende de ter expulso Cordélia. Posteriormente, o rei rompe definitivamente com as duas filhas. Goneril e Regane, casadas, são seduzidas por Edmundo, que prende Lear e Cordélia e os condena à morte. Goneril envenena Regane com ciúme e se mata quando o próprio adultério é descoberto. Edmundo é preso e confessa que há uma sentença de morte contra Lear e Cordélia. Mas, é tarde demais. Cordélia é enforcada e o Rei Lear morre enquanto tenta reavivar a filha. A peça de Shakespeare mostra, sobretudo, um erro de julgamento, que é uma das atitudes mais comuns que temos em relação às pessoas. O erro de Lear leva à morte suas três filhas e à sua própria. Claro que, na vida real, um erro de percepção sobre as pessoas não deve ser tão grave a ponto de ser fatal. Mas, se não há morte como o há em "Rei Lear", há uma morte metafórica. Quantas pessoas matamos para provar que estávamos certos quando, de fato, não tínhamos certeza de nada? O pré-julgamento e o pré-conceito são dois dos piores vícios que se pode ter, eu acho. Eu mesmo, na verdade, faço julgamentos quando não deveria. Mato pessoas dentro de mim. Ou as coloco em calabouços e torres eternas. Tenho um princípio comigo de que sou bom conhecedor de almas alheias. Também sou rei de "certezas absolutas". Mas, o que é isso? Qualquer absolutismo supõe que todas as teorias, exceto a minha, estão erradas. Ora, isso é egocêntrico, não? Não sou lobo (quer dizer, leão) em pele de cordeiro e tampouco sou uma ovelha travestida de lobo. Mas, também não quero mais ser um juiz togado que é consultado como um oráculo e acredita ter o poder de conhecer o suficiente para emitir sentenças. Quero conciliar lobos (digo, leões) e cordeiros. Por que não? É antinatural, diriam-me os naturalistas de plantão. Bem, eu afirmo que se lobos/leões não podem conviver pacificamente com cordeiros, isso é da natureza de cada um: um é caça, outro caçador. O mais importante, para mim, neste momento, é tirar o manto que me investe de posições as quais eu não detenho e ficar nu, feito o Rei Lear, para conhecer, de fato, as pessoas. Sem, contudo, enlouquecer e morrer por isso. Não preciso da tragédia de Lear para saber que ser humano é errar, voltar atrás e seguir em frente. Com algum drama, sim, porque não sou de ferro. Mas, com muito mais comédia. Porque a vida é teatral e é sempre mais fácil quando há riso, principalmente quando se consegue rir de si mesmo.

sábado, 26 de janeiro de 2008

A criança roubada

Há duas acepções para a expressão red neck, segundo os dicionários de inglês: na gíria britânica, literalmente, significa "católico romano"; e, na gíria norte-americana, é "trabalhador rural branco do Sul", usado de forma depreciativa. Em português, em tradução livre, pode-se dizer que red neck é "caipira". Conforme a definição do dicionário português, caipira é o habitante do campo ou da roça, particularmente os de pouca instrução e de convívio e modos rústicos e canhestros (alguns sinônimos regionais: capiau, casca-grossa, jeca, matuto, mocorongo, roceiro, sertanejo); também denomina um sujeito sem traquejo social. Eu me atribuí o nickname Redneck porque me considero um caipira: sou oriundo do "sertão" paulista, literalmente da roça, inclusive nascido, mesmo, no meio do mato (calma que minha mãe não é índia!). "No meio do mato" é força de expressão para dizer que nasci na zona rural, dentro de casa, com o parto feito por um médico, sim, mas, nas condições precárias que se pode fazer um parto fora de um hospital, ou seja, o médico foi quase um parteiro, enfim. Sou caipira, talvez alguns me considerem um casca-grossa porque rústico ainda sou, a despeito dos anos de verniz urbano. Respeito a rusticidade, gosto até. Chamamo-nos, meu irmão, eu e o vizinho de sítio, de sertanejos (curiosamente, antes de ir ao dicionário, não sabia que um dos sinônimos de caipira era sertanejo). Sou mocorongo, às vezes, porque não enxergo um palmo adiante do nariz quando é preciso. Me vejo matuto se a cidade me maltrata. Roceiro resgatei-me recentemente, surpreso! Capiau sim, na medida em que não me adequo quando o deveria. Um jeca vestido de paletó e gravata que finge não sufocar-se com o nó de Windsor. Quanto ao traquejo social, notadamente, me falta. Ah! E como! Quando eu devo avançar e recuo. Quando eu tenho que mirar e anuo, amuado. Esse sou eu, caipira. Só difiro quanto à definição "de pouca instrução". Porque, até mesmo canhestro, na minha eterna teimosia, sou. Agora, os britânicos que vão brincar fleumaticamente porque, em definitivo, católico romano é que não sou mesmo! Deus que me livre! Bem, com todo esse auto-reconhecimento, que não é pouca coisa e diz muito de mim, quero proclamar que tive uma resposta, um sinal, um alento, uma luz estroboscópica ontem, um pouco depois de escrever o post abaixo. Após ter derramado todo aquele magma do vulcão naquele texto, resolvi dar uma volta nas ruas da aniversariante cidade. Não estava muito convidativa: algo gelada, com um vento nada agradável e escura. Mesmo assim, saí. Tomei um café, caminhei pela Avenida Paulista (que fica a duas quadras da minha casa e isso é tudo de bom!), olhei as pessoas (claro!), comparei-as com postes e cachorros (brincadeira!) e fui à FNAC. Olhei os CDs sem a menor intenção de comprar nada. Apesar do meu iPhone não se conectar de jeito nenhum ao iTunes e me impedir de atualizar minha lista de músicas, a biblioteca é grande o suficiente para eu prescindir de CDs novos. Fui ao andar de cima que abriga o objeto primeiro (sempre) do meu desejo: os livros. Ah! Os livros, como eu os adoro. O cheiro, a capa, a quantidade de páginas a ser devastada, vencida e absorvida. Fiquei lá uns 40 minutos, a namorar os livros. Eu nunca sei o que quero. A minha escolha é aleatória: uma capa bonita, o texto da sobrecapa, alguma crítica distante que eu me recordo de haver lido vagamente. Eu garanto para você: sempre acerto. Eu os conheço, os livros. A mim, não me metem medo e tampouco me tergiversam. Ao contrário: me são afáveis, oferecidos até. Temos uma relação duradoura, fiel, um casamento. Escolhi um: "A criança roubada" (Keith Donohue, Alfaguara). Leia o que está escrito na contracapa e que vem, de uma certa forma cadenciada, fechar com o que eu escrevi no post anterior: "A Criança Roubada é uma emocionante fábula sobre os desafios da vida. Henry Day tem 7 anos quando foge de casa e se esconde na floresta. Só que ele não sabe que é seguido de perto por pequenos seres que vivem por ali e, de tempos em tempos, roubam a identidade de uma criança humana. O pequeno Henry é sequestrado e trocado por uma dessas criaturas, que toma sua forma e é levada aos braços de seus pais, que não suspeitam de nada. Na mata, Henry é rebatizado de Aniday (um dia qualquer) e se torna ele mesmo um desses seres, fadado a viver com seus companheiros da floresta, até que chegue a sua vez de roubar uma criança. E a criatura que assumiu seu lugar, assombrada pelas memórias de suas vidas anteriores, não terá paz enquanto não descobrir quem era, mais de um século atrás. Ao mesclar essas duas narrativas, Keith Donohue cria um conto de fadas moderno, uma belíssima história sobre perda, identidade e as dificuldades do amadurecimento". Tem tudo a ver com o texto que escrevi, Minha vida sem mim, poucas horas antes de encontrar o livro. Ainda nem abri a primeira página. Mas, já sei, por intuição, o que vou encontrar. E que será bom, muito bom. Acabei de sair da leitura de outro livro, "O Menino do Pijama Listrado" (John Boyne, Companhia das Letras), que me deixou estarrecido e triste (ainda este ano, chega em versão cinema). Estou na metade de outro, "Caos Calmo" (Sandro Veronesi, Rocco), que é ótimo!!!! E, para finalizar, estou lentamente a decifrar "Eu Hei-de Amar uma Pedra" (António Lobo Antunes, Alfaguara), difícil. É, é isso mesmo. Minha leitura sempre é múltipla, de três a cinco livros de uma só vez para cruzar as sinapses e enlouquecê-las. Não, não misturo as estórias. Quando canso de um, passo para outro, a ponto de abandonar o primeiro, terminar o quarto, e voltar ao segundo e de novo ao primeiro, uns 20, 30 dias depois. Fazer o quê? Essa é a minha cota de loucura. Para finalizar, que isso já está mais longo que a ponte Rio-Niterói, vou ler esse novo livro para me encher da lava que expeli. Senão, entro em extinção, como o mico-leão dourado. E esse mico eu não vou pagar!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Minha vida sem mim

Sabe aqueles sonhos que temos em que sentimos como se estivéssemos fora do nosso próprio corpo? Você nunca sabe muito bem se é sonho ou realidade. A sensação não é muito boa. Você não consegue se mexer, respirar e parece que morreu ou vai morrer. A impressão é que todo o seu corpo sai de você e paira, a olhar aquele estranho ali embaixo. Geralmente, isso ocorre num período pré-sono profundo. E quando você consegue sair do estado de congelamento, é um alívio. Mas, e quando essa sensação perdura durante o dia, com você acordado? Será que estou aqui? Será que sou eu ou é algum espírito que se apossou de mim enquanto eu me jogava inocentemente nos braços de Orfeu? Inércia é a única palavra que me vem como resposta. Há momentos na vida em que entramos numa fase inerte, de falta de vontade de fazer sem saber exatamente o quê e para que. O que é isso? É depressão? Não creio. Quando estou na rua, costumo olhar as pessoas e tentar entender o que fazem, para que, por quem e quais são suas expectativas. É, costumo sim. É um hábito. Se eu estiver dentro do carro, a possibilidade de elaborar a história de uma pessoa enquanto ela passa na minha frente é maior ainda. É um exercício de fantasia, suponho. E o fértil terreno da fantasia faz com que eu imagine o que aquele ser humano vive e se pensa sobre isso. Sempre digo que quanto mais se sabe, menos você crê. Daí que você queria ser simples, não saber nada, não ter conflitos internos. Sabe? Não articular tanto com o cinismo que, inevitavelmente, toma conta de seus pensamentos. Numa projeção, de repente, não ser você. Dá para ser outra pessoa, sendo você? Sempre ouço e até vejo pessoas que se reelaboram, destróem os traços antigos e criam novos. Como se fossem um programa de computador. Basta uma atualização. Mas, o problema é que ou você deleta o disco rígido ou as informações ficarão lá, não mais na superfície, é certo, mas permanecerão acessíveis. Então, há ou não uma outra pessoa? Dá para criar uma vida sem mim para mim mesmo? Jogar fora o Redneck que está aqui e reinventá-lo, com todas as especificações que o atual não tem. Como se faz isso? Não temos manual de usuário, o que é uma pena. Não tem um serviço de atendimento ao cliente caso tenhamos problemas com o produto. Não existem FAQs (frequently asked questions ou dúvidas mais frequentes) para nós mesmos. Não temos garantia e o fabricante jamais nos aceitará de volta. Minha vida sem mim é um filme que conta a história de Ann, uma jovem de 23 anos e mãe de duas filhas, sem grandes perspectivas, que vive com o marido num trailer no quintal da mãe e trabalha como servente numa universidade. Ao fazer um exame, ela constata que tem um tumor e que lhe restam apenas dois meses de vida. A idéia é radical porque há um fim previsto, com prazo determinado. Mas, a personagem tem tempo, pouco, mas ainda o tem, para resolver as pendências afetivas (que são as piores). Agora, quantos de nós sabemos o limite do prazo? Eu nunca vi nada inscrito em mim que me diga que vencerei em determinada data. Deve estar tatuado, sim, em um dos cromossomos, no DNA. Uma microscópica etiqueta (acho que tem até o formato de código de barras) que prevê o fim. No filme, a personagem grava numa fita mensagens para todos. É uma arrumação de casa. Pois bem. Quero, com tudo isso, dizer que não há prazo e, portanto, não sei o tempo para fazer as coisas. Acho que tem que fazer já, agora, imediatamente! Sob pena de ter uma vida sem mim mesmo. Que é apenas levada pelo tempo, carregada, sem que eu me mova para movê-la. Não quero mais uma vida sem mim mesmo. Aonde eu estou que não aqui? E por que em outro lugar se não fui chamado? Quero sair da paralisia. Tomar posse. Ter a minha vida de volta, sem receio. De forma enérgica e categórica. Muito minha.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Declaração de amor a São Paulo!

Angélica fostes para mim quando aqui cheguei, exatamente no dia 15 de agosto de 1986. Foi meu primeiro contato com seu solo, entre 18 e 19 horas, feérica como os neons que anunciavam a floricultura que ainda lá está. Mais tarde, seria Consolação, para pequenos e grandes momentos. Nunca, contudo, chegou a ser Paraíso, visto que este não é terreno e nem sei se o há celestial. Em algumas ocasiões, foi Inconfidência, Liberdade, Paz, dos Aflitos, do Sossego e da Abolição de demônios. Outras, fez festas de Reis para mim. No início, fostes fria como a Finlândia, distante como a China e desconhecida como os Açores. Tive relances de Europa, mas, teu Olimpo não fez descer do pedestal Vênus, Afrodite ou Eros. Por vezes, fostes Árida como uma savana de África. Por outras, fostes (e és) Azul da Cor do Mar. Me inebria sempre, posto que Baco está solto, sobretudo na Noite Cheia de Estrelas ou na Aurora que beira o Dia Branco. É uma Eva que corrompe, que dá Macieiras, de tão generosa. É a cobra Coral simultânea que envenena. Ora tem um Coração Entristecido, por outra, um Coração Maternal, às vezes, um Coração Noturno e, quase sempre, um Coração Selvagem. É Copenhague, Berlim, Paris, Roma, Tóquio, Jamaica, Turquia. É Franca e Universal. Pode ser um Porto Seguro para os Aflitos. Em noites de Babilônia, pode-se perder nas tuas Cavas. Como um Cavaleiro da Lua, um São Jorge destemido, lutei pela tua Conquista. Nunca fostes Sentimental Demais. Sempre uma Dama da Noite. Paulista, Paulistana, Nordestina. Tu és Noite e Dia. É Deusa do Asfalto. Do Trabalho e da Riqueza. És também Menina Dengosa que troça com o Caçador de Los Angeles. Eldorado, pode levar teus Apóstolos às Lágrimas sem hesitar. Mas, também pode ser a Luz da Nossa Luz. Minha paixão por você tem nome e sobrenome: é Amor, Amor Cigano, Amor Índio, Amor Perfeito. Parabéns, São Paulo. (A cidade celebra amanhã, 25, sexta-feira, 454 anos. Somos, no município, 10,9 milhões de pessoas. Somos anônimos, célebres, ricos, pobres, bonitos e feios. Somos tentativas. Podemos ser equívocos. Objetivos ou sonhadores, somos nós que fazemos São Paulo ser o que é. Imponente, ameaçadora, castradora de ilusões. Por definição, a cidade constrói mitos. Só para depois derrubar os amadores. Esta cidade não é para iniciantes. Circunda o imaginário coletivo com tentáculos e destroça almas perturbadas. Vive-se aqui à beira do precipício, quase. Mas, a vida é um risco, não? Somos acidentes, prontos para acontecer. Somos ciganos em São Paulo, seres híbridos que tateiam à margem. Nômades à procura de um oásis que nunca se revela. Desvelar São Paulo é um tratado de arqueologia. É uma cidade que não se mostra, se aprende. Aos poucos e nunca em definitivo. Esta é a minha homenagem à cidade que adotei como minha porque, como ela, sou possessivo. Não sei se tomei posse de São Paulo porque a cidade é escorregadia, lisa. Se faz de misteriosa. Tem sete véus. Não pode ser despida, despudorada que é. Contudo, continuamos. Porque São Paulo, com efeito, não pára e não nos detém. Porque a cidade somos nós. Todos os nomes próprios usados no texto acima são de travessas, ruas, avenidas, praças e alamedas da cidade. A despeito do cinza que emerge, a cidade está imersa em poesia, sim. Porque a pedra que lhe dá forma foi lapidada por humanos. E São Paulo é humanidade, é cidade, é urbe e úbere que amamenta todos os seus filhos naturais, adotivos e pródigos).

iPink

No dia 14 de fevereiro, celebra-se o Valentine's Day (Dia dos Namorados para os norte-americanos). Para marcar presença na lembrança e no bolso do consumidor, a Apple lançou o novo iPod Nano na cor pink (que já existe na versão Shuflle). O Nano tem 8 Gbytes de memória e custa US$ 199. O lançamento é uma aposta da empresa no mercado feminino. Cá para nós, já cansou esse conceito de rosa para as meninas e de azul para os meninos. Tenho comigo que, desde que liberaram o amarelo como cor neutra (ou, para pessoas mais sensíveis, o branco), o mundo ficou ainda mais indefinido do que já era. De repente, a Apple deveria lançar um iPod arco-íris para o mercado gay, um roxo para os que perdem o controle no trânsito, um amarelo para os bebês indecisos, um laranja para o Halloween e um da cor de burro quando foge para pessoas tresloucadas. A cromoterapia explica (ou acredita explicar) muito do comportamento humano. Então tá!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Dica do Chef

De repente, achei que me devia um bolo. Por nada, assim, de graça. Deu vontade de adoçar o paladar, de me agradar, de uma forma eufórica e calórica. Cremosa. Fui à padaria e fiquei, pasmado, em frente à TV de bolos que giravam e se ofereciam, faceiros. Chocolate, morangos, limão, tuti fruti, amêndoas e nozes. Eu, feito criança, assisti ao desfile dos models dessa nada fashion vitrine. Daí veio a atendente e os nomeou, um a um. Piscou quando citou o bolo trufado. Mas, eu já havia me decidido pelo de nozes. Tive pena dos demais, derrotados pelos olhos de um faminto glutão. Que fiquem lá, à disposição de outros olhos gulosos. Trouxe o meu, tirei a embalagem e o fotografei, feito um objeto que vai a leilão. Depois, apaziguei minha fome de doce. A cobertura é de um marshmallow fraco, coberto por uma calda que não se decidiu se quer ser laranja ou maracujá na curta vida bolina. É industrial, claro, daquele tipo acidulante e corante para ficar vistoso na passarela. O gosto é proporcional ao processo industrial e pude visualizar máquinas e esteiras a rolar saquinhos de sabores artificiais que nunca serão identificados. Por dentro, uma massa recheada, extremamente entremeada de nozes. Fofa, macia. Que é para os dentes não encontrarem resistência e a língua chafurdar num mar de cremosidade. Enjoativo sim. Me coube, e ao meu estômago, apenas uma fatia (média, mais para grande). Por enquanto. São quase 500 gramas (tá bom, tá bom, meio quilo!) que terão que ser devoradas. Não me furtarei de dar fim a tão vistosa peça de exposição. Ao preço de adicionar calorias extras (e supérfluas) ao corpo. É um presente. Para matar vontade. Para tirar o gosto de amargo. Da vida, da boca. Fiquei feliz. Às vezes, mas só às vezes, a felicidade pode ser comprada na padaria.

David Beckham e Serra Leoa encontram-se

A Unicef ( Fundo das Nações Unidas para a Infância) não é boba ou é algum tipo de fetiche que eu não percebo (fiz o falso agora). Não é possível!!!! Olha a relação de embaixadores: Lady Di, Angelina Jolie, Nicole Kidman, Greig Pickhaver, Ricky Martin. E agora, o David Beckham. Depois das fotos do Broker, publico mais uma coleção, agora do carinhosamente chamado de "Becks" pela imprensa britânica (e olha que o louro deixou a Inglaterra por ser fria e foi aos EUA em busca de luz!). As fotos são do encontro do jogador com algumas pessoas de Serra Leoa. Have fun! I did!







terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Broken but no more back

Heath Ledger, que fez o par gay com JakeGyllenhaal em "O Segredo de Brokeback Mountain", foi encontrado morto nesta terça-feira em seu apartamento em Nova York. As informações preliminares indicam que a morte pode estar relacionada ao uso de drogas. Segundo a polícia, o corpo do ator estava rodeado de pílulas. Ledger tinha 28 anos e, além de "Brokeback Mountain", pelo qual foi indicado ao Oscar, ele participou de filmes como "O Patriota", "A Última Ceia", "Os Reis de Dogtown", "Casanova", "Não Estou Lá" e o inédito "O Cavaleiro das Trevas" (novo filme do Batman, em que faz o papel de Coringa). O ator, de origem australiana, deixa uma filha, Matilda, fruto de sua relação com a atriz Michelle Williams, que conheceu em "O Segredo de Brokeback Mountain" (é a loirinha que faz o papel da esposa ingênua no filme) e com quem ele foi casado de 2005 a 2007. Abaixo, uma sequência de fotos do ator.






Ordinariazinhas

Caro HorseMan, não resisti à brincadeira. Às vezes, é fato, acontece. Parece que o cérebro ficou de molho no sabão em pó e tornou-se branco radiante, não é? Ainda bem que o Tico e o Teco acordam e começa tudo de novo, na eterna sinfonia de sinapses.

Crédito: Laerte

Blog muito bom, tchê!

Recebo do guri e amigo HorseMan, do Mundo Mágico de Horseman, mais uma vez, com muita honra, um novo selo: É Um Blog Muito Bom Sim Senhora! Obrigado, meu caro, e que o bloqueio e os males físicos tenham, respectivamente, ido para os celulares nas cadeias e para o ralo. É o meu primeiro selo de 2008 e mais uma vez o caro amigo gaúcho lembra-se do paulista (antes de ser paulistano) Redneck (da terra vermelha ou roxa, como se diz no "interiôrrrr" de São Paulo e num cantinho logo ali do Paraná). Como é de praxe, repasso aqui para três blogs amigos (sorry, mas é somente para as meninas, dessa vez), os quais eu curto bastante: O Quem (Patty, cada dia menos senhora! E faça o favor de aceitar o selo e difundi-lo!!!! É brincadeira? Você indica a pessoa amiga e ela faz o estilo "tô nem aí?"); Other Side, da Ru Correa, dona de um pedaço badalado (e para não se esquecer que esse chef que vos fala é o outro, não aquele que você tinha em mente); e para o Querido Leitor, porque a Rosana é minha senhora em assuntos de quebrar protocolos do iPhone e outros trecos tecnológicos. Obrigado, Horse, por poder compartilhar o selo e entregá-lo, assim, tão gentilmente, para blogueiras das redondezas.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Solidarność

A solidarność (solidariedade) é extremamente bem-vinda, sempre. Agradeço duas amigas (e leitoras) que me deixaram aqui mensagens de carinho: a Chefe das Iguanas, uma sem-blog que é assídua, contudo; e Patty Diphusa, que me germinou (né, mãe?) neste mundo blogosférico. A ambas, posto fotos que, na minha cabeça (se é que a conservo sã, ainda), as representam. OK! De uma forma tortuosa, mas representam. As duas sabem, nos seus devidos contextos, o significado do texto que postei ontem. Me conhecem. Beijo para vocês duas.

Foto: Está é a Chefe das Iguanas, em momento ternura, a qual, várias vezes, eu tentei, sem sucesso, exportar para Tóquio. Contudo, ela insiste em se afastar das tradições e agir como uma matrioska, aquela boneca russa que você saca uma de dentro da outra e não acaba nunca. A referência russa é à teimosia e a evidente caracterização japonesa é por conta do filme Dolls.


Foto: Patty Diphusa, in London, do like a british. É preciso se adequar, não importa seu estilo. Você, assim como a Chefe das Iguanas, pode tirar da bolsa não um coelho maluco de Alice, mas, talvez, retirar do armário uma Madonna rápida, uma Cher revoltada ou uma Amy Winehouse entorpecida (de sono, não de tóxicos). Have a nice trip, material girl!

domingo, 20 de janeiro de 2008

Meu rugido dominical

Se foram os últimos vestígios de um não-acontecimento, de uma não-revolução, da não-concretização. Eram fragmentos que me apontavam e gritavam: por que? De imediato, o alívio. Depois, a formalização de um luto, de uma morte, funeral e enterro. Quero soterrar os restos mortais nas entranhas e ter vagas lembranças, apenas. Não mais do que isso. Ter mais é padecer na lápide fria de algo que já nem sei descrever. As relações humanas são tão frágeis quanto um vaso de porcelana chinês. E tão complexas quanto o DNA. Não dá para replicar o que você considera um padrão de relacionamento e vivê-lo. A cada vez que dois seres humanos se encontram, é uma surpresa: começa a ser esboçado um layout que pode, ou não, resultar numa bem acabada peça ou ir direto para a lata de lixo. Sempre defendo que a vida é provisória o suficiente para fazer tudo o que se pode para viver intensamente. Mas, sempre fico com a sensação de que o inexorável relógio gira sem tréguas e as águas rolam, rolam e rolam, enquanto eu fico no redemoinho, sem ir ou voltar. A tragédia disso tudo é que quando você está num torvelinho, você tem a sensação que há dois mundos: um é mágico, você está acima de tudo e de todos e só você sabe o que é felicidade; você chega a imaginar que as pessoas ao seu redor nunca passaram por aquilo e que jamais saberão o que é realizar-se emocionalmente. O outro mundo é a catástrofe: quando tudo desaba, só você não havia percebido o quanto os alicerces dessa construção eram precários. Há uma sensação inevitável de derrota, de dor, de luto. Há uma resistência. Você se arma, se investe de uma armadura de aço e age como se os próprios nervos de aço fossem. É apenas uma fachada, um revestimento para a tragédia. Os grandes clássicos da literatura e do teatro trabalham com as duas grandes veias humanas: a tragédia e a comédia. Se, na primeira fase, a tragédia prevalece, com direito, inclusive, a sangue, literal ou não, a fase cômica é aquela que trará uma nova dimensão à tragédia. A comédia da vida é que você começará tudo de novo, num eterno retorno. Quando eu começo a rir de mim mesmo, é sinal que me preparo, nas coxias, para a entrada em cena de um novo (e renovado) personagem: eu mesmo, de novo, de novo e de novo. A vida é repetição, com pequenos upgrades apenas. O vasto princípio está lá, pronto para ser usado em camadas como uma cebola rechonchuda: há sempre mais uma parte e mais uma e outra. Somos inesgotáveis na auto-renovação. A não ser que a cebola murche e apodreça. E é isso que nos faz tão humanos e únicos. A experiência pela qual ansiamos aos 15, aos 13, de fato, não chegará nunca. Ou então não agimos feito adolescentes em grandes questões da vida? Me diga se você não bate o pé, se não se irrita, se não se descontrola feito uma criança grande? E até mesmo se não regride à fase infantil quando o mundo lhe parece real o bastante? Quem não quer colo? E, então, chega um dia, um domingo mesmo como este, chuvoso e sem graça, em que você vê - e sente - em letras garrafais, que a carga foi levada embora, que alguém a tirou de seus ombros e a acolheu, espontaneamente. É a roda do mundo em ação. E, se o movimento existe numa direção, há que se tê-lo na minha própria direção. Que estou pronto para colocar minha própria engrenagem em funcionamento! Já não era sem tempo.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Quando eu me perco de mim mesmo

Quando eu me perco de mim mesmo, não sei se sou caça ou caçador. Não sei se há fim na estrada. Se a estrada me leva ou sou levado porque tenho que ir. Só queria uns poucos minutos de silêncio. Porque tudo é um imenso karma, pesado, sóbrio demais.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Só a fluoxetina acalma

Há pouco mais de um ano, no dia 1º. de janeiro de 2007, entrou em vigor a lei da cidade limpa em São Paulo. Havia mais de 10 mil painéis de publicidade em São Paulo, inclusive os gigantescos outdoors. Agora, em muitos pontos, é possível descortinar a cidade com outro olhar. Há alguns dias, um amigo da Espanha esteve em visita à cidade. Ele já conhece São Paulo de longa data, mas, a cada vez que vem para cá, ainda se choca com os postes de luz e fios da rede elétrica e de telefonia. Uma única rua (a Oscar Freire) levou adiante o projeto de soterrar os fios elétricos. Claro, é a rua mais cara da cidade e as grifes internacionais que têm lojas lá contam com um lobby fortíssimo. Tem um pequeno pedaço da Augusta que também já retirou os postes. O resultado é visível de imediato. Há uma sensação de espaço, de que há céu sobre nossas cabeças. E existe uma lei para que isso ocorra desde 2005. Mas, o custo é estimado em R$ 250 bilhões para enterrar os 180 mil Km de cabos na cidade. Com tantas prioridades na lista - esgoto, metrô, segurança, moradia - dificilmente veremos São Paulo limpa de fios e cabos aéreos. Bem, toda essa abordagem aqui é para sugerir não uma nova lei, mas um novo comportamento na cidade: o silêncio, ou o barulho limitado a decibéis que não atrapalhem as pessoas. Ainda ontem, estávamos Patty, uma maratonista com pele linda (!), o Crica´s brother e outra amiga num bar, na Vila Mariana, o Genuíno. A princípio, estávamos na área livre, descoberta, que é bem agradável. Mas, veio a chuva e tivemos que ficar num local fechado e coberto. E, quando você fecha as pessoas num lugar que elas, espontaneamente, não escolheram, alguns (como eu) tendem a sair do estado humano e ir ao estado de natureza pura, primitiva. Estávamos nós numa mesa, dois caras ao lado, outros dois atrás e uma mesa com umas seis ou sete gralhas que grasnavam agitadas, mais histéricas do que o mar de Peruíbe no último fim de semana. Elas estavam ao fundo, mas, parecia que estavam num palco de boteco, tal o barulho que fizeram durante todo o tempo em que lá estivemos. Não sou bom calculista, mas, na minha contagem, produziram o equivalente a uma banda que tocou no último Nokia Trends, algo assim como uns 5 mil decibéis. Eram gritos, palavrões, berros, risadas, gargalhadas e, sobretudo, uns sons guturais produzidos por animais como vacas, galinhas, emas, iguanas, pererecas, guaximins, macacos-prego e zebras e outros estranhos que habitam apenas a Nova Zelândia como o dingo, o diabo da Tasmânia e o ornitorrinco. Foi tanto barulho que eu, tão tolerante quanto a lei de tolerância zero de Nova York, perdi todo o ânimo. E quando isso ocorre, eu fico inanimado feito uma pedra. Minério puro! Não tenho vontade de falar e deixo de sociabilizar. Viro bicho para me equiparar à fauna. O resultado é que saí de lá com dor de cabeça, irritado. Não acho que dá para fazer uma lei que obrigue as pessoas a serem cordatas. Mas, que falta faz a falta de educação! Na Alemanha, em Leipzig, uma amiga que morou lá me disse que havia uma lei municipal pela qual, após as 22 horas, era proibido usar a descarga nos prédios de apartamentos. Quem o fizesse, seria multado! É exagero? É! Por outro lado, no ano passado, acima e abaixo de mim (moro no 9º. andar), houve sete ou oito reformas de apartamentos, com paredes quebradas, marteladas ao longo do dia (das 9 às 17 horas) e pedaços de cimento que caem a toda hora. Agora, neste instante, há uma reforma em curso no 10º. andar. Quando eu falo ao telefone, as pessoas ouvem. Duvido que é assim na Europa, com todo esse barulho. Se eu fosse inventor, inventaria um saco de recolher barulho para reduzir o nível de ruídos de São Paulo. A cidade, que ganhou muito com a despoluição visual, teria outra face (e ouvidos) se diminuísse a poluição sonora. Eu me lembro de ter lido uma moradora de rua dizer, num jornal, que morava sob um viaduto porque o barulho dos automóveis que passavam acima de sua cabeça era o único som que reduzia o barulho interior que o seu próprio cérebro produzia. Bem, no caso, era sinal de loucura. Mas, eu não tenho barulho interior (quer dizer, só um pouquinho, que se resolve com fluoxetina - Daforin, Deprax, Depress, Digassim, Eufor 20, Fludac, Fluxene, Fontex, Foxetin, Lovan, Neo Fluxetin, Nortec, Prodep, Prozac, Prozen, Psipac, Psiquial, Sarafem, Selectus, Symbyax, VerotinaFluctin; Nossa! Será que exagerei na dose????). Ou o barulho diminui ou o monstro bipolar irá do Pólo Norte ao Sul sem escalas!!! Grrrraaaannnnnn!!!!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Revela-me!

Se eu não fosse um catalão turco (ou mouro, em resumo), seria, certamente, um celta druida. Este vídeo me recorda uma fotonovela (é, existia, e eu lia) de uma história medieval. Eu guardei a revista por muitos anos. Pena que se perdeu nos escombros do tempo. Ameno (Revela-me), escrita por Eric Levi, e cantada pelo grupo Era, fala de um grito de dor em uma guerra e a agonia de uma alma que pede para ser libertada pelo soldado entrincheirado. A tradução para o português é aproximada, pois o dialeto é uma mistura do latim e de uma língua antiga, pagã, usada em reuniões secretas de uma tribo do Cathar. Abaixo, a letra e também a tradução.

Ameno

Dori me
Interimo adapare
Dori me
Ameno ameno
Lantire Lantiremo
Dori me

Ameno
Omenare imperavi
Ameno
Dimere dimere
Mantiro Mantiremo
Ameno

Omenare imperavi emulari
Ameno
Omenare imperavi emulari

Ameno

Ameno dore
Ameno dori me
Ameno dori me

Ameno dom
Dori me reo
Ameno dori me
Ameno dori me

Dori me am

Ameno
Omenare imperavi
Ameno
Dimere dimere
Mantiro Mantiremo
Ameno

Omenare imperavi emulari
Ameno
Omenare imperavi emulari

Ameno

Ameno dore
Ameno dori me
Ameno dori me

Ameno dom
Dori me reo
Ameno dori me
Ameno dori me
Dori me

Ameno

Ameno dore
Ameno dori me
Ameno dori me

Ameno dom
Dori me reo
Ameno dori me
Ameno dori me

Dori me am

Ameno dore
Ameno dori me
Ameno dori me

Ameno dom
Dori me reo
Ameno dori me
Ameno dori me

Ameno dom
Dori me reo
Ameno dori me
Ameno dori me

Dori me am


Em português

Revela-me

Tira-me.
Revela-me.
Revela-me.
Tira-me.
Tira-me agora, soldado.
Revela-me.
Revela-me.
Revela,
imperceptíveis sinais,
revela!



Tira-me daqui.
Absorve-me.
Toma-me.
Descubra-me
e oculta-me.
Descubra em mim
imperceptíveis sinais.



Descubra-me.
Diga-me se a Guerra se parece
com o espírito de um mártir.
Revela pequenos
sinais de imolação,
Imperceptíveis,
sinais de imolação.



Abra.
Abra o silêncio.
Revela-me.
Leva-me.
Revela-me.
Leva-me.
Revela-me, soldado.
Leva-me daqui.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sexo, sexo, sexo, sexo

Que o sexo é o moto contínuo da humanidade, creio que isso é ponto pacífico (ainda que não haja nada mais tão não-pacífico quanto o sexo). O sexo move o mundo porque: 1) É o que garante a continuidade da espécie; 2) Porque dá prazer; 3) Porque garante a eternidade enquanto esta durar; 4) Porque somos tarados. Dentro da minha parca experiência no convívio humano, creio que o sexo está presente em tudo, e quase nunca de forma declarada. Está lá, à espera de ser abordado, colhido, feito. Sempre! Não há, eu acho, uma única conversa entre dois seres humanos na terra em que, em algum momento, não haja alguma referência (implícita ou explícita) ao tema. Eu, pelo menos, penso sim. Não sei se sou tarado ou falante, só sei que sou assim. Bem, tenho comigo que os assuntos que mais tocam as pessoas são o sexo, a religião e a política (no Brasil, incluir futebol). Todo mundo tem uma opinião, a qual deve prevalecer sobre a do outro, sob o risco do outro ser transgressor, liberal ou analfabeto quando discorda. Nunca há um entendimento entre as partes quando se trata desses assuntos. Não há um meio-termo: ou você é de esquerda ou de direita; ou entende o sexo como algo natural ou pecaminoso; ou você é ateu ou crédulo. Se quiser ser ponderado sobre esses temas, será taxado de tudo. É aqui que começam as divergências. Algumas pessoas atribuem a si algum papel do tipo "salvador" da humanidade e, estabelecido isso, pregam crenças e conceitos que são os ideais e corretos. Fora disso, você está condenado. Visitei o blog Log de MSN e, de link em link, cheguei ao site Sexo Cristão. Veja um trecho da proposta desse site: "Ajuda – Buscamos ser um canal de ajuda às pessoas e famílias que estão afundadas nos problemas sexuais dos mais variados. Sabemos que o homossexualismo – assim como o adultério, a idolatria, a imoralidade, a injustiça, o roubo, a fornicação (sexo antes do casamento), a bestialidade -, entre outras coisas, contradiz os planos de Deus (conforme Bíblia Sagrada: 1 Co 6:9 a 20, 1 Tm 1:9 e 10, Mt 19:4 e 5, Hb 13:4)". Como eu dizia antes, alguns seres acham-se mais capazes do que outros de determinar o que os outros devem - e podem - fazer. Não é um canal. Não há retorno. Há somente a emissão: faça, obedeça, siga, não discuta! É difícil nos definirmos: basta ver o perfil dos blogueiros - quem sou eu? Nós, inclusive eu, queremos que em meia dúzia de linhas esteja tudo lá, queremos estar contidos integralmente num pequeno texto. Mas, há muito tempo eu li isso em algum lugar: "Somos três: aquele que pensamos que somos; aquele que os outros nos vêem; e aquele que realmente somos". Concordo plenamente com isso. Agora, se já é complicado para nós lidarmos com três "eus", por que alguém pode desejar saber - e determinar - o que é melhor para mim? Já é difícil apenas viver, imagine com regras absurdas sobre como me comportar no sexo, na minha cama, com outro ser humano. Por que há tanta preocupação em se ocupar do outro? Por que o sexo tem que ser enquadrado? Por que não deixar que cada um escolha o seu próprio caminho? Porque, cara, o sexo é bom. E a forma como cada um encara isso também o é. Então, que cada ser, homem ou mulher, possa, sim, escolher, sem ter que responder a cânones estabelecidos. Porque a vida é precária e provisória. Tão curtinha! Eu não aguento que haja mais cortes, mais censura, mais controle. Viva a sua vida como quiser porque a minha, meu caro, deixa comigo! É minha desde que o médico cortou o cordão umbilical que me ligava à minha mãe. Naquele momento, tornei-me único. E é assim que vejo o mundo, sem um cordão que me atrele ao que quer seja, especialmente a pessoas que queiram controlar o que faço entre quatro paredes. Sou livre! Queria acreditar que, se Deus existisse, pudesse aparecer ex machina para dissolver essas idéias tão arcaicas quanto o medo do fogo. Que, se algum fogo me queimará, não será por conta dos meus pretensos pecados, e sim porque me consumirei de prazer.

A passagem

- Seguir? Você me disse para seguir?
- É, vá em frente.
- Mas, não posso. Minhas pernas estão travadas. O solo está pegajoso.
- Siga apenas, não resista.
- Tenho a sensação de que não devo ...
- São apenas impressões. Faça o que lhe digo.
- E se eu não quiser?
- Você não tem esse direito. Tem apenas que ir.
- Alguém já conseguiu não ir?
- Não.
- Por que?
- Não respondemos a este tipo de dúvida.
- Imaginava que haveria transparência, ao menos no final.
- O final é confuso e é para ser assim mesmo.
- Você não facilita ...
- Não é meu trabalho.
- E se você voltar comigo?
- Não há volta, apenas ida.
- Eu ouço murmúrios atrás de mim, mas, não consigo me virar.
- É assim que funciona.
- Me chamam!
- São desejos seus, apenas.
- Então, tenho que ir mesmo?
- Não resista, facilite para si.
- Mas, tudo parece tão espesso (!)
- É a passagem.
- Me deixe ao menos ficar por aqui.
- Não.
- Você não perde a calma?
- Nunca.
- Eu queria tanto não ir.
- ...
- Pode falar comigo?
- Estou aqui.
- Pode me dar a mão?
- Não.
- Você não colabora.
- Me limito ao meu trabalho.
- Te odeio!
- Não tem importância.
- Quero gritar e não posso.
- Vamos, é só dar o primeiro passo.
- Não posso!!!!
- Pode.
- Eu sabia que ia ser difícil.
- Venha.
- Até que você é simpática!
- Sou o que sou.
- Posso ver sua face?
- Não.
- Você me deseja boa sorte?
- Não.
- Está bem.
- Vá!
- Adeus!

E a Morte sentiu lágrimas rolarem. Era sempre assim, não? Todos tentavam truques. Mas, era impassível. Não tinha sentimentos, não era o que lhe diziam? Quando chegavam ali, pareciam carneiros à beira do matadouro. Sentiam, lamentavam, debatiam-se. No final, todos iam porque a atração era magnética. Já era hora. Havia uma fila lá fora. Nunca paravam de chegar. Aos diabos! Não tinha opção, tinha? Segurou a foice, ajeitou o capuz e foi buscar a outra alma. Quando a viu, soube que teria menos trabalho. Era uma senhora, feliz de estar ali. A Morte sorriu dentro de si sem perceber. Era tudo árduo sim. No entanto, cada nova face era um desafio. E, depois, era só levá-los. Tão dóceis, por fim.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Uma magnólia para Amélie

Francesinha, eis, para você, a cena que me é mais querida em "Magnolia", a propósito de sapos e chuva de sapos. A música que está no meu iPhone é "Wise UP", da Aimee Mann. Amo o filme, a chuva dos sapos e a chuva de ótimos atores, principalmente a Juliane Moore e o Tom Cruise, of course. C'est trés bon, oui?

Penaxavantinho


Este post é uma homenagem ao recém-conhecido (por mim) blogger Oscar Luiz, do By Oscar Luiz e do Flainando na Web. Como eu vi que o colega gosta do mundo anfíbio, publico aqui a foto da mais nova espécie de rã brasileira, descoberta em Minas Gerais. A rãzinha foi batizada com um nome científico - Ischnocnema penaxavantinho - que homenageia a dupla de cantores e compositores caipiras Pena Branca e Xavantinho. A rã, de apenas dois centímetros, foi encontrada e descrita pela equipe do biólogo Ariovaldo Giaretta, da Universidade Federal de Uberlândia. Giaretta é fã dos dois cantores e compositores. Xavantinho morreu em 1999, mas, Pena Branca, que tem 67 anos, está vivo. Segundo o biólogo, o motivo da homenagem se deve ao fato de os sapos cantarem: "É de esperar que todo sapo cante. Eles (Pena Branca e Xavantinho) são cantores também e até já falaram de sapo nas suas músicas". Leia mais na Folha.

Foto: Ariovaldo Giaretta

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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