Reductio ad absurdum
Reductio ad absurdum (latim, significa "redução ao absurdo" ou "reduzir ao impossível") é um conceito aristotélico e define um tipo de argumento lógico no qual alguém assume uma posição derivada de uma conseqüência absurda ou ridícula, e então conclui que a suposição original deve estar errada, o que conduz a um resultado irracional.
Reductio ad absurdum também é usado muitas vezes para descrever um argumento no qual uma conclusão é derivada de uma crença a qual todos (ou pelo menos aqueles que argumentam contrariamente) aceitarão como falsa ou absurda.
Um exemplo bastante comum: Mãe: Por que você começou a fumar? Filho: Todos os meus amigos fazem isso. Mãe: Está dizendo que se todos os seus amigos saltassem de um precipício, você o faria também? O argumento do filho é fraco e não tem lógica. De fato, ele começou a fumar porque quis, e não por imitação.
Eu me recordei desse conceito quando me deparei com algumas contradições das pessoas. Primeiro, elas lançam os argumentos à mesa. Depois, esperam que os presentes debatam esses argumentos à exaustão, contrários ou favoráveis, seja o que for. Ao fim, a pessoa que lançou o argumento somente assiste a cena, extasiada por ter provocado tão promissor debate e, em muitos casos, a primeira opinião de quem iniciou o conflito muda radicalmente de um extremo ao outro.
Eu sei que estou a cada dia mais longe do entendimento, aceitação e glorificação do ser humano, em geral. Na verdade, estou cada vez mais perto do marco zero da intolerância. Não tenho paciência para conversas sem objetivos e principalmente quando o foco do assunto é sobre o que eu faço e o que penso.
Não, não me entendam mal. Ainda que eu goste de ser o centro das atenções, não aguento quando as pessoas pensam que me conhecem mais do que a mim mesmo. Eu acho que, depois de conviver comigo todos esses anos, devo saber como funcionam todos os mecanismos desenvolvidos pela minha mente e corpo. Mas, não. As pessoas insistem e daí entra o reductio ad absurdum, pelo qual tentam extrair de você a verdade (segundo a ótica dessas pessoas) com técnicas sofisticadas de torturas psicológicas. E você nega, nega e nega até o galo cantar. E a tortura da gota que cai sem parar continua. Ao fim, ou você admite que o outro está certo ou sai em frangalhos. E o pior é que depois de tudo, o outro lado, de repente, admite que você até pode ter razão. Ou muito me engano, ou todos vocês, leitores, já passaram por algo semelhante.
De repente, vejo uma luz. Caroline me chamou e fui. Há uma luz. Trata-se de adotar um outro conceito, o do teatro do absurdo, que trabalha a realidade de forma inusitada. Em resumo: ser ilógico e soar como absurdo. Falar uma coisa enquanto esperavam que dissesse outra. Agir de forma totalmente contrária ao esperado. Eclipsar-me, virar um ectoplasma.
Quando eu escrevi em posts anteriores sobre desconstrução, era a isso que eu me referia: ser surreal. Porque, se me tratam como surreal, surreal serei! O bom do surrealismo é que nada é previsto, nada é premeditado. Ainda que eu previna as pessoas, aqui, neste texto, de que meu comportamento poderá ser absurdo, ninguém acredita e nunca saberá se sou eu ou é o outro, o surreal. Aquele da "minha vida sem mim". Não é legal?
Dizem que estou com um olhar insano, ultimamente. Talvez. Meu carregamento de fluoxetina não chegou e a palavra "lucidez" assume conotação de "acesso de loucura ao contrário". Uma pessoa querida na minha vida me disse, há alguns anos, quando usei cavanhaque, que eu tinha a aparência de um ser maligno e que, conforme eu a olhava, essa pessoa me temia. Ahahahaha!!! (quem ri sozinho está louco, dizem). Era essa a intenção. No que me toca, unirei a redução ao absurdo ao absurdo em si para me transformar absurdamente em um Ser Sur Real. "Ora", direis-me, "estás a viajar!". "Ora", responderei-te, "a imaginação é mais poderosa do que a rotineira vida real!". Dank, Caroline, dank!