"Não há nenhum pecado, exceto a estupidez", afirmou o escritor Oscar Wilde. Bem, ao final da 1a. enquete deste blog, 86% dos votantes afirmam: não há limite para a estupidez. Outros 14% dos que responderam a enquete odiaram a questão. A estupidez humana não obedece data, circunstância ou lugar. Está imbricada no ser humano. Eu, você, os outros, todos podemos ser estúpidos em algum momento ou bancar o estúpido. Basta lembrar o filme "Os Idiotas". No livro "Il Mulino", de Carlo M. Cipolla, há um ensaio, "As Leis Básicas da Estupidez Humana", segundo o qual existem cinco leis da estupidez:
Primeira Lei: sempre subestimamos o número de pessoas estúpidas.
Isto não é tão obvio como parece porque (conforme o livro):
a) pessoas que pensávamos ser racionais e inteligentes, de repente mostram-se estúpidas sem dar margem a dúvidas; e
b) dia após dia somos afetados em tudo que fazemos por gente estúpida que invariavelmente aparece nos lugares menos apropriados.
E é impossível estabelecer uma porcentagem de estúpidos, já que qualquer número que escolhamos será pequeno demais.
Segunda Lei: a probabilidade de que uma pessoa seja estúpida é independente de qualquer outra característica de sua personalidade.
Se estudamos a freqüência da estupidez nas pessoas que limpam as salas de aula depois que os alunos se foram e nos professores, verificaremos que nestes últimos ela é muito mais alta do que esperávamos. Poderíamos supor que ela está relacionada ao baixo nível de educação, ou ao fato de que as pessoas não estúpidas têm melhores oportunidades de conseguir bons empregos. Mas, quando analisamos os estudantes ou os professores universitários, a distribuição de estupidez é exatamente a mesma. O quociente de estupidez é o mesmo em ambos os gêneros (ou em tantos gêneros ou sexos que você acha que conhece!). Não há nenhuma diferença no fator de estupidez quando são comparadas as raças, a condição étnica, a educação etc.
Terceira Lei (a de Ouro): uma pessoa estúpida é alguém que ocasiona dano a outra pessoa, ou a um grupo de pessoas, sem conseguir vantagem para si, ou mesmo com prejuízo próprio.
Quarta Lei: as pessoas não estúpidas sempre subestimam o poder de causar dano das pessoas estúpidas.
Constantemente, se esquecem que em qualquer momento, e sob qualquer circunstância, associar-se com gente estúpida invariavelmente constitui-se em erro com prejuízo. Isso significa que as pessoas não estúpidas são assim mesmo um pouco estúpidas.
Quinta Lei: a pessoa mais perigosa que pode existir é a estúpida.
De todas as leis, essa é provavelmente a mais facilmente entendida, se bem que somente porque é do conhecimento comum que as pessoas inteligentes, sem importar quão hostis elas sejam, são previsíveis, enquanto que as pessoas estúpidas não o são.
Além das leis, segundo Cipolla, existem quatro tipos de pessoas, conforme seu comportamento em uma transação: o infeliz (ou desesperado): alguém cujas ações geram prejuízo próprio, mas que também criam vantagens para outros; o inteligente: alguém cujas ações geram vantagens, igualmente para si e para os outros; o bandido: alguém cujas ações geram vantagens para si e, ao mesmo tempo, causam danos a outros; e o estúpido: ver a definição na Terceira Lei.
Já que o assunto tem vida própria, com leis (temos que admitir que essas leis 'pegam') próprias e estereótipos bem definidos, o debate sobre a estupidez não se encerra por aqui. Crescei-vos e estupidificai-vos!